Título: Montadoras definem projetos de expansão
Autor: Manechini, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2007, Empresas, p. B7

Sob reflexo do aquecimento de demanda iniciado no final de 2006 e ainda presente, as montadoras de caminhões anunciaram investimentos para ampliarem suas capacidades produtivas de, no mínimo, R$ 425 milhões até o término de 2010. Neste sentido, a montadora americana Ford divulga hoje seus planos para vender 23 mil caminhões no mercado interno em 2008, o que significará para a empresa uma participação de mercado de 21% ao final do período e o melhor ano desde 1980 na história da montadora.

Até o momento, a fabricante com maior aposta no Brasil é a Iveco. Ontem, a empresa divulgou plano para investir R$ 375 milhões na América do Sul durante os próximos três anos. Destes, algo em torno de R$ 300 milhões poderá ser destinado ao Brasil. Na seqüência, a Volkswagen confirmou a meta de aplicar mais R$ 100 milhões no país no ano que vem e comunicará, conforme declarações de seus executivos, no início de 2008, novo plano de investimentos para sua unidade, localizada em Resende (RJ). Com menor produção e, consequentemente, participação de mercado, a Agrale deverá reforçar as aplicações com até R$ 25 milhões no mesmo período.

"Queremos acelerar nosso crescimento especialmente no Brasil. Ninguém cresceu como nós", declara o presidente da Iveco, Marco Mazzu. Conforme os dados da empresa, a produção de caminhões alcançará nove mil unidades neste ano. Para 2008, a previsão é de crescimento entre 15% e 20%. A euforia com o Brasil pode ser justificada pelo incremento de 130% no faturamento da empresa de 2006 para 2007.

Além do aumento de participação no mercado nacional (atualmente em torno de 6%), outro objetivo da montadora é reduzir o prazo de entrega de seus caminhões, que em alguns casos chega a 16 meses. Uma das medidas tomadas é o início da produção de cabines dos caminhões pesados no Brasil. Só na área de cabines, a Iveco está investindo R$ 11 milhões em sua fábrica, em Sete Lagoas (MG). Assim, a fabricação para os modelos comercializados no Brasil deixam de ser produzidas em Córdoba, na Argentina.

Na Volkswagen, o entusiasmo também está em alta. Antonio Roberto Cortes, presidente mundial da divisão de caminhões e ônibus, logo informou que os três lançamentos apresentados durante a Fenatran estão esgotados até o início de 2008. Tal demanda, elevará em 30% as vendas da companhia no país.

O executivo, no entanto, é mais conservador ao falar das perspectivas para o ano que vem. "Não creio que a demanda reprimida vista neste ano siga em 2008. Assim como o mercado, imaginamos crescimento de 5% a 7%", diz Cortes.

Ford, Mercedes-Benz, Scania e Volvo divulgam hoje suas projeções. No caso da Ford, é esperado um grande anúncio envolvendo o aumento de capacidade de produção da unidade de caminhões. Segundo Oswaldo Jardim, diretor de operações de caminhões para a América do Sul da montadora, nada no horizonte indica que não tenha demanda reprimida no ano que vem. "Apostamos num crescimento de 12% a 15% em 2008. É audacioso", ressalta.

O executivo estima aumento de 38% na produção da Ford somente neste ano. "Ganhamos 1% de participação no ano e temos quase 20,5% do mercado", comemora. Os pilares que baseiam a aposta da Ford são os crescentes investimentos em infra-estrutura e no agronegócio.

Mais alinhado com as expectativas da Volkswagen, o responsável pela área de caminhões da Volvo, Bernardo Fedalto Jr., crê em um aumento de mercado de até 5% no ano que vem. "Até a metade do ano deve ser bem forte, mas depois irá estabilizar", afirma. De acordo com Fedalto, a produção da Volvo encerrará o ano com alta de 40% e só não será maior por conta da dificuldade de fornecimento de peças pela matriz.

Mesmo com previsões de crescimento mais modestas do que as verificadas neste ano, trata-se de um novo patamar para a indústria de caminhões brasileira. Em 2006, a produção foi de 106 mil unidades, de acordo com os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A previsão do setor é de alta de 30% em 2007, totalizando aproximadamente 138 mil caminhões produzidos. Na comparação com o recorde da indústria no país, registrado em 2005 (118 mil unidades), a produção deste ano crescerá aproximadamente 17%.