Título: BM&F movimenta US$ 6,4 trilhões em 2004
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2005, Finanças, p. C2

A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) movimentou US$ 6,4 trilhões em 2004, o maior volume negociado desde 1997. O número de contratos foi recorde e bateu em 179,78 milhões, um crescimento de 52% em relação a 2003. Os dados foram divulgados pelo presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, ontem, dia em que a BM&F comemorou 19 anos. O desafio da BM&F para 2005, segundo Cintra Neto, é aumentar ainda mais os negócios no pregão. As estimativas da bolsa de derivativos são de que apenas 10% das empresas brasileiras fazem "hedge" (por meio de contratos futuros e swaps) para proteger o patrimônio, em comparação a 90% das companhias nos Estados Unidos e a 75% na Alemanha. Segundo Cintra Neto, com a estabilidade da economia, após o Plano Real em 1994, as coisas melhoraram no mercado de derivativos, mas ainda estão longe do ideal. A BM&F quer incentivar a negociação de derivativos também pelas pessoas físicas, por meio do WebTrading, sistema que permite compras e vendas de minicontratos futuros pela internet, lançado no final de 2004. A partir deste mês, os minicontratos futuros de dólar, Ibovespa e boi gordo serão negociados exclusivamente pela internet.

A previsão de Cintra Neto é de que a média de contratos por dia suba para 800 mil este ano, ante 722 mil em 2004. Pelo orçamento da Bolsa, a negociação de uma média de 500 mil contratos por dia já é suficiente para pagar os custos das operações. Entre os projetos da BM&F para este ano está o lançamento, no início do segundo semestre, da Câmara de Compensação para a América Latina, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A câmara vai fazer a compensação e liquidação das moedas nas operações de comércio exterior de países da América do Sul. Este ano, o objetivo é começar com os negócios entre Brasil e Argentina. Ainda entre os projetos para 2005, a BM&F discute com o governo a possibilidade de investidores não-residentes no Brasil negociarem contratos diretamente aqui. Segundo Cintra Neto, as conversas já duram cinco anos e, por questões burocráticas, não avançam. Segundo ele, a liquidez de alguns produtos da Bolsa, como o Índice Futuro de American Depositary Receipt (ADR) depende da aprovação desta medida para deslanchar. Sobre a recente decisão da BM&F de aumentar as exigências para as corretoras, solicitando, entre outras coisas, capital mínimo e maior qualificação dos profissionais, Cintra Neto argumenta que a Bolsa está dando uma série de incentivos para as corretoras se adaptarem. Um deles é o pagamento de advogados para as corretoras abrirem escritórios em Nova York. A BM&F também vai facilitar a fusão entre corretoras. Em dezembro, a corretora do Unibanco divulgou nota dizendo que deixaria de operar na BM&F, por causa dos custos para adequação às novas exigências.