Título: CEF sugere ao BNDES se capitalizar com fundo do FGTS
Autor: Safatle , Claudia
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2007, Brasil, p. A2

O governo poderá usar o fundo de investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para projetos de infra-estrutura, de R$ 5 bilhões, para capitalizar o BNDES. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou a alternativa de utilizar parte das reservas cambiais para esse fim e o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Wellington Moreira Franco, sugeriu, em conversa com o Valor, que o BNDES venha a utilizar esses recursos como "funding" de seus empréstimos em projetos de infra-estrutura.

A mesma proposta foi confirmada por fontes do Ministério da Fazenda. Moreira Franco aguarda ainda para este ano a regulamentação do FI-FGTS, a cargo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que, em instrução normatiza, definirá as regras de operação desse fundo que está legalmente destinado a financiar projetos de infra-estrutura.

"Estou mandando um torpedo para o BNDES. Eles disseram que estão precisando de dinheiro e eu estou aqui. Podemos conversar, namorar e até casar. Tudo vai depender do interesse deles", adiantou o vice-presidente da CEF, que considera a sua sugestão melhor e mais factível de ser realizada do que a proposta da diretoria do BNDES, de usar um pedaço das reservas cambiais do país, algo em torno de US$ 5 bilhões, para ampliar a capacidade de financiamento do banco. Segundo dados do BNDES, há um déficit de cerca de R$ 30 bilhões entre a demanda por crédito estimada para 2008 ( R$ 82 bilhões), e a possibilidade do banco emprestar (R$ 50 bilhões).

O ministro da Fazenda descartou a hipótese de utilizar uns US$ 5 bilhões das reservas cambiais para ampliar a capacidade de o BNDES fazer empréstimos às empresas em 2008, idéia sugerida pela diretoria da instituição. "As reservas não serão usadas", disse ele, arrematando sem maiores detalhes: "Vamos criar um fundo soberano, mas não é com o dinheiro das reservas."

Para Moreira Franco, o parceiro ideal para a CEF nesse fundo de investimento é o BNDES, que já tem uma carteira de projetos analisada e aprovada, o que representa uma importante queima de etapa para a realização do empreendimento. "E a expertise deles nos dá tranquilidade".

A lei 11.491/2007 permite que o novo fundo receba também aportes dos trabalhadores, mediante o uso do saldo das contas vinculadas, mas nessa primeira fase a CVM normatizará apenas as aplicações com recursos próprios do patrimônio do FGTS, o que representaria um capital inicial de R$ 5 bilhões, "que pode ser aumentado", indica o vice-presidente da CEF.