Título: Ministério da Agricultura avalia que taxação é um erro
Autor: Zanatta , Mauro
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2007, Brasil, p. A4

Alinhado com a defesa dos produtores rurais, o Ministério da Agricultura vê na iniciativa argentina uma tentativa de frear a perda de mercados externos provocada pela política de retenções de seus produtos. "Ocupamos espaço da Argentina no mercado mundial de carne e vamos fazer o mesmo na soja e no milho. Vejo a iniciativa como uma idéia para evitar uma perda de espaço ainda maior para o Brasil", avaliou, por telefone, de Roma, o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto. "Querem nos levar a adotar a mesma política. Temos mais é que aproveitar o erro da política agrícola deles para ocupar mais espaço no mercado internacional dessas commodities."

O secretário marca bem as diferenças de ênfase entre os parceiros comerciais: "Estamos mais para incentivar as exportações, inclusive com recentes subsídios ao algodão e à soja. Eles vivem um retrocesso em política agrícola. A Argentina tem punido quem é mais competitivo. No Brasil, seria um contra-senso tributar um setor tão dinâmico e competitivo", afirma.

Segundo a avaliação do dirigente, os argentinos só puderam operar o sistema porque não tiveram planos econômicos nem quebras de safras tão graves como os produtores brasileiros. "Além disso, abandonamos a política de tributar mais as matérias-primas e menos os produtos processados desde a Lei Kandir, o que é uma política de país desenvolvido", afirma. "Há algumas diferenças entre nós. A Argentina tem câmbio mais desvalorizado e pode taxar sem prejudicar a renda do produtor. Aqui, os produtores estão endividados e precisam de renda para pagar seus débitos", diz.