Título: PSDB convocará as ruas contra 3º mandato
Autor: Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2007, Política, p. A9

O 3º Congresso e a 9ª Convenção Nacional do PSDB, que começam hoje em Brasília, devem se transformar numa condenação formal de qualquer mudança nas regras do jogo eleitoral de 2010 e numa convocação à reação popular contra o terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chega logo após o almoço e fica até o final da convenção, na sexta-feira, com a eleição dos novos dirigentes tucanos e também deve falar sobre reeleição e plebiscitos.

Sobre a nova direção, a única dúvida que restava foi resolvida no início da noite de ontem: o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) irá presidir o Instituto Teotônio Vilela (ITV), depois de vencer o deputado Paulo Renato de Souza (SP), ex-ministro da Educação no governo FHC em uma consulta informal à bancada. Vellozo Lucas é muito ligado ao governador paulista José Serra e sua escolha deixou Paulo Renato magoado.

O presidente do PSDB, a ser eleito amanhã, será o senador Sérgio Guerra (PE), que já foi identificado como integrante da ala mais ligada a Serra, mas que hoje se posiciona como um candidato de todas as alas. O secretário-geral, segundo cargo em importância, é indicação direta de do governador Aécio Neves: o deputado Rodrigo de Castro (MG).

Haverá cinco vice-presidências regionais. O ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira será o vice-presidente financeiro do PSDB. No cômputo geral, embora a nova cúpula tucana possa parecer mais favorável a uma eventual candidatura de José Serra a presidente, na realidade é uma direção flexível, com grande capacidade de acomodação, que pode inclinar-se tanto por Serra quanto por Aécio Neves, de acordo com a conjuntura da época em que ocorrer a indicação do candidato do partido. O nome mais radicalmente identificado com Serra é o de Vellozo Lucas.

Nenhum paulista ocupará os três principais cargos do PSDB: presidência, secretaria-geral e o instituto. Mas isso não significa uma quebra de hegemonia paulista no partido. A atual executiva, por exemplo, já não conta com nenhum nome oriundo de São Paulo. O mais provável é que o Estado indique líder na Câmara, em 2008, o deputado José Aníbal (SP), que já presidiu os tucanos.

O PSDB vai aprovar também um manifesto com as linhas gerais do que deve se constituir em programa de governo para 2010. Mas a ênfase, no dia de hoje, deve mesmo ser conjuntural: a proposta de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou a circular no PT e a idéia de acabar com a reeleição com a prorrogação dos mandatos atuais por mais um ano. As duas devem receber a condenação dos tucanos.

"São preocupantes os sintomas de continuísmo que temos verificado", disse o atual presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que desde o início da semana manobra para que os tucanos se manifestem formalmente sobre o assunto. Entre esses sintomas, Tasso identifica "as declarações contraditórias do presidente Lula quando fala sobre Hugo Chávez, quando confunde deliberadamente parlamentarismo com presidencialismo, quando avalia o expurgo no Ipea e com a presença cada vez mais ostensiva dos sindicatos nas empresas do governo federal".