Título: Candidatos em 2010 querem contribuição
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2007, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem estar convencido de que todos os governadores brasileiros são favoráveis à prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A declaração foi dada horas depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reunir-se com senadores do PSDB em busca de consenso. "Todos aqueles que estão pensando em ser presidente a partir de 2010 querem que seja mantida a CPMF", disse Lula, num claro recado ao tucanato.

O presidente voltou a afirmar que a não aprovação da CPMF pelo Senado coloca o PAC em risco, pela ausência de R$ 40 bilhões do caixa federal. "Todo mundo sabe que a União não pode prescindir de R$ 40 bilhões até porque se nós quisermos fazer o PAC acontecer até 2010, se nós quisermos melhorar a educação, se nós quisermos melhorar a saúde, não tem como prescindir de R$ 40 bilhões".

Em um discurso diferenciando o PSDB do DEM, Lula disse que é preciso separar quem faz discurso sério, quem quer debater para flexibilizar a CPMF agora ou para o futuro de quem deseja fazer carnaval com a CPMF. "Eu estou certo que o Senado tem muita gente com muita responsabilidade. Eu só espero que cada um cumpra com suas obrigações e que quem ganhe com isso seja a sociedade brasileira". O presidente rebateu a cobrança de desonerações de impostos em troca da prorrogação da CPMF. Pelos cálculos de Lula, nos últimos três anos a desoneração tributária foi equivalente a R$ 39,6 bilhões, quase o mesmo montante arrecadado com o imposto do cheque. Ele destacou o esforço do Executivo para finalizar uma proposta de reforma tributária a ser encaminhada ao Congresso. "Se ela for votada, a gente pára de falar em carga tributária".

Lula classificou de "esquisito" o discurso de quem reclama da quantidade de impostos no país. "Essas mesmas pessoas não dizem o quanto cresceu a arrecadação da sua empresa. As pessoas estão vendo que o governo está arrecadando mais, mas a verdade é que as empresas estão ganhando dinheiro como nunca ganharam na história desse país".