Título: AL é principal consumidor da produção brasileira
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Fonte: Valor Econômico, 15/10/2007, Brasil, p. A3

As exportações de manufaturados do Brasil crescem acima da média para Europa, América Latina, África e Oriente Médio. De janeiro a setembro deste ano, as vendas desses produtos caíram 6,3% para os EUA, mas aumentaram 14% para o mercado latino-americano, 19% para o Oriente Médio, 26% para os africanos e 29% para os europeus. As exportações totais de manufaturados do Brasil subiram 12%.

A América Latina é a região do mundo que mais consome produtos industrializados do Brasil. Nos primeiros nove meses do ano, os vizinhos compraram US$ 22,6 bilhões em manufaturados brasileiros. O mercado mais importante é a Argentina, parceira no Mercosul, para onde as indústrias brasileiras venderam US$ 9,6 bilhões, alta de 21% comparado a janeiro-setembro de 2006.

A Venezuela também alcançou posição importante entre os compradores de produtos brasileiros. No período, o Brasil exportou US$ 2,7 bilhões em manufaturados para o país, com alta de 25%. Em outros mercados menos expressivos, o desempenho também é bom. As vendas de manufaturados cresceram 24% para o Peru, para US$ 929 milhões, 22% para a Colômbia, para US$ 1,6 bilhão e 35% para o Uruguai, para US$ 852 milhões, de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2006.

De acordo com o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Ricardo Carneiro, a exportação de manufaturados do Brasil para a América Latina é beneficiada pelo crescimento das economias da região. Ricos em commodities minerais, esses países aproveitam o aumento do preço desses produtos e importam mais. É o caso da Venezuela, produtora de petróleo, e do Peru, que é rico em cobre, ouro, entre outros.

Levantamento da MCM Consultores, com base em dados internacionais, aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina deve crescer 7,5% este ano. A alta deve ficar em 7,5% no Peru e pode chegar a 8% na Venezuela. "A falta de competitividade, provocada pela valorização cambial, só vai aparecer quando os preços das commodities caírem", diz Carneiro.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), ressalta o fato de que, apesar do bom desempenho, as vendas de manufaturados para a América Latina estão se desacelerando. As exportações de produtos industrializados para o continente cresceram 31% em 2003, 52% em 2004, 30% em 2005 e 20% em 2006. De janeiro a setembro deste ano, o ritmo de crescimento das exportações está em 14%.

Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), afirma que a maior parte do aumento das exportações para o exterior é resultado de um reajuste de preços promovidos pelas empresas. Segundo dados da entidade, os preços das exportações totais de manufaturados do país subiram 7,6% de janeiro a agosto, enquanto o aumento da quantidade ficou em 4,4%. Esse percentual está abaixo do crescimento do comércio mundial, que deve ficar em 7% este ano.(RL)