Título: Lula comemora privatizações de rodovias federais
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 15/10/2007, Politica, p. A11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou ontem, pela primeira vez, os resultados do leilão de privatização de sete rodovias federais realizado terça-feira em São Paulo. Para ele, foi a conquista de credibilidade no âmbito econômico que permitiu os "bons resultados". "Conquistamos credibilidade e agora podemos mudar o padrão de governabilidade do país", afirmou, em discurso na abertura do 16º Salão Internacional do Transporte.

No leilão, a concessionária de rodovias OHL Brasil ganhou o direito de explorar por 25 anos mais de 2 mil quilômetros de rodovias federais nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais se comprometendo a cobrar pedágios até 65% mais baratos que o preço máximo definido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Os baixos preços do pedágio suscitaram críticas de integrantes do PSDB, que acusaram o presidente de ter mudado seu discurso, já que nas eleições de 2006 Lula atacou as privatizações feitas no governo Fernando Henrique Cardoso. Ontem, o petista fez referências a privatizações passadas ocorridas no país. "Uma coisa é fazer leilão com o paciente moribundo sem direito a reagir. Dessa vez o leilão foi feito com economia estável, consolidado um novo ciclo de crescimento. Pudemos abrir para a participação de empresas estrangeiras, por exemplo."

Em outra referência a governos passados, Lula disse que essa credibilidade foi conseguida a duras penas. "Todo mundo sabe como foi 2003. Foi uma dose de morfina e quase exageramos. Mas foi a única maneira de recuperar um paciente que há quase duas décadas e meia não andava." Nenhum representante do alto escalão do governo paulista, comandado por José Serra (PSDB), compareceu ao evento. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), participou da abertura do Salão.

No discurso, o presidente defendeu a CPMF, cuja prorrogação tramitará no Senado após ser aprovada em dois turnos pela Câmara, e atacou os que defendem o fim do tributo. Para ele, "qualquer cidadão de bom senso" sabe que desde que tomou posse não houve nenhum aumento de impostos, a não ser do IPI. "A carga tributária cresce porque o lucro das empresas cresce de forma extraordinária", disse. De acordo com Lula, é preciso haver uma combinação perfeita entre os interesses do governo, do empresariado e dos trabalhadores "para que o Brasil se transforme em uma grande nação". Acompanharam o presidente os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento), Luiz Marinho (Previdência), Franklin Martins (Comunicação) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Lula seguirá hoje para uma de cinco dias a Burkina Fasso, Congo, África do Sul, República Democrática do Congo e Angola