Título: País sobe para 2º lugar em ranking dos emergentes que mais investem no exterior
Autor: Camarotto, Murillo
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2007, Brasil, p. A3

Com investimentos de US$ 28,2 bilhões, o Brasil saltou do 5º para o 2º lugar entre os países emergentes que mais investiram no exterior em 2006, superado apenas por Hong Kong, cujas empresas desembolsaram US$ 43 bilhões no mesmo período. Os dados fazem parte de relatório divulgado ontem pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

A compra da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce, por US$ 17 bilhões, foi a grande responsável pelo avanço do Brasil no ranking. Excluída essa operação, os investimentos externos do país teriam ficado em US$ 11 bilhões, montante ainda bastante superior aos US$ 2,5 bilhões desembolsados em 2005. Com o desempenho verificado no ano passado, o país viu pela primeira vez os investimentos externos superarem aqueles realizados pelas companhias estrangeiras por aqui.

Para Luis Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), que divulgou o relatório da Unctad no país, o Brasil deve fechar 2007 com investimentos externos da ordem de US$ 14 bilhões. "Se excluída a aquisição da Inço, vai representar crescimento de 20% sobre 2006", lembrou.

Na avaliação do economista Antonio Corrêa de Lacerda, conselheiro da Sobeet, o crescimento dos investimentos brasileiros no exterior se deve principalmente a dois fatores. O primeiro, mais comum, é o avanço das fusões e aquisições envolvendo companhias nacionais. O outro, mais recente, é a estratégia de algumas empresas exportadoras de se aproximarem mais de seus clientes no exterior, por meio de investimentos maiores em alguns países.

No ranking global dos países que receberam investimentos estrangeiros em 2006, o Brasil perdeu cinco posições, passando do 14º para o 19º lugar. Na comparação com as nações emergentes, o Brasil recuou dois degraus, para a sexta posição, atrás de China, Hong Kong, Rússia, Turquia e México. No ano passado, o país recebeu US$ 19 bilhões em investimento estrangeiro direto, o que representa alta de 35% em relação a 2005, segundo a Unctad.

A participação do Brasil nos investimentos estrangeiros globais ficou em 1,5% no ano passado. Se considerados apenas os recursos alocados em países emergentes, o Brasil recebeu 5% do total. Em 2005, a fatia brasileira era de 1,6% e 4,8%, respectivamente.