Título: Cinco mortes no Sul
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 23/01/2011, Brasil, p. 13

Em Santa Catarina, mais de 638 mil contabilizam danos provocados pelas enchentes. Turista italiana, criança de oito anos e bebê de quatro meses estão entre as vítimas

As fortes chuvas em Santa Catarina, que provocaram enchentes e alagamentos em 48 cidades do estado, já prejudicam 638,6 mil pessoas. A região está em alerta, dois anos e dois meses depois da maior tragédia já registrada em território catarinense. As enchentes e os deslizamentos, em novembro de 2008, mataram 135 pessoas, a maioria soterrada. Cerca de 78 mil ficaram desalojadas. Agora, as inundações voltam a assustar os catarinenses.

Até a tarde de ontem, 28 municípios haviam decretado situação de emergência, conforme levantamento da Defesa Civil no estado. Mais de 14,7 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Cinco morreram, entre elas um bebê de quatro meses, uma criança de oito anos e uma turista italiana.

A situação vivida por 638,6 mil catarinenses faz lembrar a tragédia de 2008, o que motivou um reforço da atuação da Defesa Civil no estado, com um levantamento sistemático de todas as ocorrências nos municípios atingidos pelas fortes chuvas. O drama dos catarinenses é semelhante ao vivido por milhares de fluminenses da região serrana do Rio de Janeiro.

Em Santa Catarina, o esforço principal da Defesa Civil era chegar até regiões isoladas e retirar famílias que permaneciam incomunicáveis por causa dos alagamentos. Uma das situações mais graves foi verificada em Joinville, com mais de 6,3 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. Um helicóptero da Polícia Militar foi utilizado para resgatar moradores ilhados na cidade. Cerca de 150 mil pessoas de Joinville foram prejudicadas de alguma forma pelas enxurradas. Mesmo assim, não foi decretada situação de emergência na cidade.

Prejuízos As outras cidades com mais desabrigados são Criciúma e Jaraguá do Sul ¿ as duas em estado de emergência. Somente nos dois municípios, 960 casas ficaram danificadas com as enchentes. Em todo o estado, foram 3,2 mil residências destruídas ou danificadas até a tarde de ontem.

A cidade de Mirim Doce, no Alto Vale, permanecia praticamente isolada, principalmente as comunidades da zona rural. No centro do município, a água atingiu um metro, o que gerou bastante destruição, segundo a Defesa Civil, que conseguiu chegar ao local no fim da manhã. Muitos trechos de rodovias ficaram destruídos com as enxurradas, o que ampliou o isolamento das cidades. É o caso de um trecho da BR-280, totalmente interditado no acesso a Joinville. Quedas de barreiras em outras duas rodovias federais dificultam o trânsito na região.

Entre os mortos já confirmados pela Defesa Civil, está uma turista italiana de 42 anos. Ela morreu na tarde de ontem ao tentar atravessar uma ponte na região de Vargem Grande. O carro que ela dirigia caiu no rio. Um bebê de quatro meses morreu depois de a família ser surpreendida por um deslizamento de terra, quando se preparava para sair de casa em Massaranduba. O município decretou situação de emergência.

Estragos em Minas Gerais e na Bahia

» Um levantamento da Defesa Civil da Bahia mostra que mais de 2 mil pontos de Salvador, em 540 áreas com alto risco de desabamento em decorrência das chuvas, são afetados por enchentes e alagamentos. Moradores dos sete bairros mais ameaçados temem um desastre semelhante ao enfrentado por milhares de pessoas que vivem na região serrana do Rio de Janeiro. As ocupações irregulares aumentam ao longo dos anos e a preocupação maior é com os meses de abril e maio, os mais chuvosos na Bahia. Em Minas Gerais, 98 cidades já declararam situação de emergência por causa dos estragos provocados pelas chuvas. A Defesa Civil no estado calcula que 17 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas. Mais de 1,3 milhão de pessoas sofrem, de alguma forma, com as consequências das enchentes.