Título: Em viagens pelo país, Alckmin nega candidatura
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2007, Politica, p. A11

Com uma agenda intensa de viagens pelo país, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato derrotado à Presidência em 2006, comemorou o segundo lugar em pesquisa de intenção de voto para a sucessão presidencial de 2010. Em pesquisa CNT/Sensus divulgada segunda-feira, José Serra lidera a sondagem com 12,8%, das intenções de voto, seguido por Alckmin, com 11,6% e Aécio Neves, com 9,8%. O ex-governador, entretanto, negou a possibilidade de disputar novamente o cargo e desconversou sobre candidatura à Prefeitura de São Paulo no próximo ano, sem descartar a hipótese.

Ontem, em uma palestra sobre a conjuntura brasileira em São Paulo, organizada pelo Centro de Integração Empresa Escola (Ciee), Alckmin animou-se ao comentar a pesquisa, positiva para o PSDB. Ele destacou que não disputará com Aécio e Serra pela vaga. "Vamos trabalhar para unir o partido. Não me coloco como candidato", disse. Para ele, a antecipação do debate eleitoral só foi feita porque o governo 'não tem projetos'. Sobre a eleição de 2008 e a possibilidade de disputar o governo paulista em 2010, limitou-se a um "tudo tem seu tempo". "Não tenho nenhuma decisão quanto a ser candidato. Nem a prefeito, nem a presidente. Também não acho que tem de ser decidido agora. "

Desde que voltou de um período de estudos nos Estados Unidos, Alckmin não parou de fazer palestras, participar de eventos e dar aula. Ele acaba de voltar de um curso de oito dias na Alemanha, sobre gestão municipal. Antes, passou dois dias em Rondônia e teve quatro eventos. Também passou por Santa Catarina, Estado para onde deve ir na seqüência das atividades em São Paulo. Em sua agenda está prevista uma passagem para Goiânia. Os eventos são os mais diversos, desde a inauguração de jornal a congresso de sindicalistas, passando por aulas sobre economia, conjuntura política e cursos sobre qualidade de vida. A cada 20 dias ele dá aula no curso de gerente de cidades em uma universidade de Blumenau (SC). Alckmin leciona também em duas universidades paulistas. "Recebo muitos convites. De cada dez, vou a um, dois", disse Alckmin. Na capital paulista, ele faz um curso de medicina chinesa todas as quintas e sextas e assiste a missas nos domingos tanto em seu bairro quanto na periferia.

"Gosto muito de dar aula", resumiu. Nessas palestras, o tucano retoma os temas que marcaram sua campanha: a crítica sobre a carga tributária e o crescimento econômico. Ontem, por meia hora falou a um grupo de 450 pessoas, em sua grande maioria empresários, sobre a "falta de interesse" do governo federal em aprovar as reformas política, previdenciária e tributária. "O governo está acomodado no bom cenário internacional, tendo arrecadações recordes e abandonou reformas que o país precisa. Vamos terminar o primeiro ano sem a reforma tributária ser encaminhada. O Brasil vai perder quatro anos", afirmou. "Vivemos um manicômio tributário."

Alckmin foi questionado sobre o porquê de não ter defendido as privatizações durante a campanha eleitoral. Ele desconversou, disse que o que estava em discussão era "mentir ou não mentir" e logo emendou que o "Estado empresário é coisa atrasada". Em seus argumentos, levantou que as privatizações serviram para "diminuir a dívida do Estado, sanear e ter juros mais baratos".

Após a palestra, ironizou o fato de o governo Lula ter concedido sete rodovias federais. "Quero até louvar o fato de que o governo está enxergando que esse é o caminho para poder ampliar a infra-estrutura do país, melhorar a logística do país". O tucano, entretanto, evitou a discussão sobre o preço mais baixo dos pedágios conseguido pelo governo federal em relação ao cobrado nas rodovias paulistas. "São modelos de concessão diferentes, que não podem ser comparados", reiterou.