Título: Imposto baixo também atrai milionários Além de empresas, também milionários brasileiros se instalam na Suíça e começam a chamar a atenção na discreta
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2007, Empresas, p. B7

Além de empresas, também milionários brasileiros se instalam na Suíça e começam a chamar a atenção na discreta terra helvética. Recentemente, um investidor brasileiro na faixa de 40 anos desembolsou US$ 7,2 milhões por um terreno de 2.600 metros quadrados no "Chemin de Ruelles", em Cologny, um dos bairros mais chiques de Genebra com vista suntuosa para o lago e as montanhas.

O negócio foi revelado pela revista econômica Bilan, sem dar o nome do brasileiro, como exemplo de "loucuras" provocadas por estrangeiros que não se preocupam com custos e inflacionam o mercado imobiliário.

Além de pagar pouco imposto, o que motiva a vinda de ricos brasileiros para a Suíça é o temor da violência no Brasil, segundo um advogado que prefere não ter o nome publicado. O brasileiro mais famoso que vive no país é Jorge Paulo Lehman, um dos donos da cervejaria belga Inbev, que segundo fontes vai com freqüência ao Brasil em seu jatinho.

Só que Lehman é também cidadão suíço e já entrou na lista dos maiores milionários do país, com alguns bilhões de dólares em sua conta bancária.

A Suíça é conhecida por receber de braços abertos estrangeiros - desde que sejam milionários. Atualmente, o país oferece condições fiscais vantajosas para 3 mil artistas, esportistas e empresários de outras terras.

Para obter um pacote fiscal baixo no país, o estrangeiro não pode exercer atividade lucrativa na Suíça. O cantor francês Jonny Holliday, por exemplo, decidiu fugir dos impostos franceses e viver em Gstaad, uma das mais agradáveis estações de esqui do planeta. Mas ele não pode mais fazer show na Suíça, a não ser que abra mão do cachê, pelo menos oficialmente.

Os estrangeiros com fortuna são cada vez mais numerosos a se instalar no país para só pagar uma taxa baseada nos gastos ocasionados por seu ritmo de vida - residência, alimentação, carros. Os que mais se beneficiam do abatimento são os franceses e ingleses.

O cantão (estado) de Genebra tem 600 pessoas nessa condição. Elas têm fortunas de bilhões de dólares. Mas juntando o que pagam de impostos, não passa de US$ 50 milhões.

De maneira geral, os estrangeiros ricos são discretos. Mas os jornais não poupam alguns deles. Um, por causa de sovinice. O sueco Igvar Kampdrad, 80 anos, fundador do império de móveis Ikea, lidera a lista dos bilionários na Suíça. Embora tenha uma fortuna estimada em US$ 25 bilhões, não ajuda em projetos comunitários, acumula pontos na carta de clientes do supermercado Migros e dirige um carro velho.

Outro, porque quer controlar um pedaço da economia. O russo Viktor Vekselberg instalou-se em Zurique com fortuna de US$ 14 bilhões e está comprando empresas helvéticas. (MO)