Título: Ciber prevê 2ª fábrica para investimentos em estradas
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2007, Empresas, p. B9

Animada com os reflexos da retomada das obras do Rodoanel de São Paulo, com o leilão de concessão de rodovias federais realizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com as perspectivas criadas pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, a Ciber já planeja construir uma nova fábrica de equipamentos para construção, reforma e manutenção de estradas.

Com a sede administrativa e a fábrica em Porto Alegre, a empresa controlada pelo grupo alemão Wirtgen pretende ampliar em 40% a capacidade atual de 320 máquinas por ano até o fim de 2009, informou o diretor-presidente Walter Rauen de Souza. "Sentimos uma reação muito forte do mercado a partir de julho", explicou o executivo. Segundo Souza, a fábrica atual vem operando em três turnos, com utilização de 100% da capacidade instalada. A empresa produz equipamentos para pavimentação como usinas de asfalto, vibro-acabadoras, rolos compactadores e fresadoras de asfalto.

O desempenho, beneficiado ainda pela expansão das exportações para países da África, levou também a empresa a rever a previsão de faturamento deste ano de R$ 170 milhões, o que representaria um empate em comparação com 2006, para R$ 190 milhões a R$ 200 milhões. Para 2008, a estimativa é de uma nova alta, desta vez da ordem de 15% sobre 2007.

A preferência da Ciber é concentrar todas as operações na nova unidade industrial, que poderá ficar em Porto Alegre ou na região Sudeste (em São Paulo ou Minas Gerais), onde estão os grandes mercados consumidores da empresa. A decisão deve ser tomada até o início do ano que vem pela matriz alemã e levará em consideração ainda questões tributárias e a logística de suprimento de peças e componentes. O investimento é estimado entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões.

Segundo Souza, com a expansão, a Ciber pretende se preparar para o crescimento do mercado de infra-estrutura no país nos próximos 15 anos a 20 anos. "O governo atual e os próximos terão de continuar investindo em rodovias, portos e aeroportos", aposta o executivo.

As vendas externas, que em 2006 responderam por 38% do faturamento da empresa, devem se manter na faixa dos 40% neste ano, afirmou Souza. Os mercados mais tradicionais são os países da América Latina, mas do ano passado para cá a participação da África subiu de menos de 1% para cerca de 15% dos embarques totais, disse Souza.

Desde 2006 a Ciber iniciou uma ofensiva sobre países africanos como Argélia, onde já disputa a liderança do mercado no setor, Angola (beneficiada pela presença de construtoras brasileiras no país, como a Odebrecht) e ainda Líbia, Guiné Equatorial e República dos Camarões. Neste ano a empresa também chegou à África do Sul, onde a competição com as indústrias locais é mais acirrada, explicou o executivo.

Além da unidade brasileira, o grupo alemão Wirtgen tem três fábricas de equipamentos para obras rodoviárias (sem contar uma unidade que produz trituradores para mineração) na Alemanha, incluindo as marcas Vögele e Hamm, e uma na China. Conta com 4 mil empregados, sendo quase 300 no Brasil, faturou 1,03 bilhão de euros em 2006 e prevê um crescimento de 20% neste ano em todas as duas operações.