Título: Capela, Maurício
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2007, Petróleo estabelece outro recorde em Nova York, p. B8

O preço internacional do barril de petróleo rompeu a marca dos US$ 90 e bateu o recorde nos Estados Unidos, que era de US$ 90,07 e havia sido registrado há exatamente uma semana. Ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, a commodity do tipo WTI para dezembro deste ano foi negociada a US$ 90,46, alta de US$ 3,36. E na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres o produto Brent, para dezembro de 2007, também não ficou atrás e subiu US$ 3,11, encerrando o pregão a US$ 87,48.

A disparada dos preços da commodity não tem uma única explicação. O endurecimento das relações entre a Turquia e os guerrilheiros curdos do Iraque, acrescido da expectativa de que o banco central dos EUA, o Federal Reserve, promova um novo corte de juros na reunião de fim de outubro, também deram um empurrão. Mas o fato de o governo americano aplicar sanções contra o Irã, por continuar o seu projeto de enriquecimento de urânio, também ajudou a estabelecer este novo patamar. Os iranianos têm a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

No caso do Iraque, a situação é mais imediata, porque os curdos ameaçam continuar atacando os turcos. E a região iraquiana dos curdos é rica em óleo.

"O enfraquecimento do dólar mundo afora também contribui para o aumento de preços das commodities", acrescenta Luiz Otávio Broad, analista da Ágora. Para ele, o preço ultrapassou os US$ 90 porque há uma especulação muito grande embutida no valor do barril. "Mas não acredito também que alcance os US$ 100", completa o analista.

De acordo com o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), a especulação financeira representa ao redor de 25% do preço do petróleo no mundo. E este percentual faz ainda mais sentido quando se trata da commodity em Nova York.

Com o rompimento dos US$ 90, a pergunta que começa a ganhar corpo entre analistas do Brasil e do mundo é se a commodity terá força para superar os US$ 100. "Para mim, a questão não é quando o produto alcançará os US$ 100, mas quão rápido isso acontecerá", afirma Nauman Barakat, vice-presidente sênior de Energia da Macquarie Futures.

A Merrill Lynch afirmou, na semana passada, que a commodity poderá ultrapassar sim os US$ 100. E a crença da instituição baseava-se em uma combinação entre declínio da oferta mundial, demanda em alta, redução dos estoques e tensões geopolíticas, como as observadas na fronteira entre a Turquia e o Iraque. Atualmente, a relação entre oferta e demanda continua bastante próxima, perto dos 85 milhões de barris por dia. (Com agências internacionais)