Título: BC estuda abrandar rodízio de auditores
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2007, Finanças, p. C12

Ruy Baron / Valor Alexandre Tombini: "O rodízio implica custos, pois cada vez que entra um novo auditor, há alguma aprendizagem" O Banco Central está reexaminando a regra que obrigou as instituições financeiras a fazerem rodízio de auditores independentes a cada cinco anos. A autoridade monetária considera saudável que haja algum tipo de troca de auditores, mas talvez não tão rígida como a exigida.

Em dezembro de 2005, o Conselho Monetário Nacional (CMN) suspendeu por dois anos a regra que determina o rodízio de auditores. Ontem, decidiu estender a suspensão da regra por mais um ano, até dezembro de 2006.

O rodízio foi criado em 1996, quando o Brasil vivia a crise bancária do Plano Real. Foi uma maneira de evitar a repetição de escândalos como o do Banco Nacional, que sofreu intervenção naquele ano e foi acusado de fraudar balanços sem ressalva dos auditores externos.

As empresas de auditoria independente tiveram a imagem arranhada mundialmente em 2002, quando surgiram escândalos corporativos nos Estados Unidos, como o daEnron.

Além do BC, que exige rodízio de auditores nos bancos, há determinações semelhantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Secretária de previdência Complementar (SPC). Todos esses órgãos estão reexaminando as suas regras para adotar um sistema semelhante.

O diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, disse que os estudos feitos até agora mostram que não seria adequado simplesmente abolir a exigência de rodízio. Mas ele acha que poderá ser feito algum tipo de flexibilização, como determinar apenas o rodízio das equipes de auditoria que examinam os balanços, sem trocar as firmas de auditoria.

Tombini assinala que o Brasil é um dos poucos países que exigem o rodízio de auditores, ao lado de Itália, Índia, Cingapura e Coréia do Sul. "Os Estados Unidos, depois dos escândalos corporativos, cogitaram exigir o rodízio de auditores, mas resolveram não levar a idéia adiante."

Segundo ele, a exigência de troca de auditores tem efeito limitado, já que hoje são poucas as firmas desse ramos que atual de forma global. "São quatro ou cinco grandes auditorias." Tombini lembra que, desde 1996, foi baixada uma série de regras que ampliam a transparência e vigilância sobre os balanços, como a exigência de comitês de auditoria e de auditoria interna. "O rodízio de auditores implica custos, pois cada vez que entra um novo auditor numa empresa há um custo de aprendizagem", afirma.