Título: BNDES empresta mais para infra-estrutura
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2007, Brasil, p. A2

A execução de projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já contribui para o aumento de enquadramentos, aprovações e desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor de infra-estrutura. Em setembro, pelo segundo mês seguido, os desembolsos para infra-estrutura superaram as verbas destinadas à indústria. Entre janeiro e setembro, o banco desembolsou R$ 41,8 bilhões, uma alta de 34,1% em relação a igual período do ano passado e as aprovações atingiram R$ 60,5 bilhões, um crescimento de 32,4%.

Nos 12 meses terminados em setembro, as aprovações somaram R$ 89,1 bilhões, alta de 37% sobre os 12 meses anteriores, e os desembolsos atingiram o recorde de R$ 62,5 bilhões, crescimento de 32%. Os enquadramentos somaram R$ 105,9 bilhões, avanço de 22%, enquanto as consultas cresceram 30%, para R$ 123,6 bilhões.

Os dados acumulados até setembro confirmam que o setor de infra-estrutura está passando à frente da indústria, por ser neste momento o " foco" do banco para garantir os investimentos do PAC e remover quaisquer dúvidas a respeito da sustentabilidade do crescimento econômico, como disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES. Foram R$ 2,67 bilhões destinados a suportar os projetos de infra-estrutura, ante R$ 1,21 bilhão liberados para a indústria. No acumulado dos 12 meses terminados em setembro, no entanto, o setor industrial continua à frente da infra-estrutura, com R$ 29,52 bilhões, contra R$ 22,49 bilhões.

Para Coutinho, os desembolsos para a infra-estrutura, que subiram 40% em comparação com os 12 meses anteriores, mostram que a formação bruta de capital , isto é , o investimento fixo, avança de forma satisfatória. "Isso indica que não haverá gargalo de oferta na economia, salvo por problemas pontuais", disse.

As aprovações de financiamentos pela diretoria do banco confirmam a tendência de crescimento do setor de infra-estrutura. Nos 12 meses terminados em setembro, as indústrias tiveram aprovados projetos de R$ 38,43 bilhões, uma queda de 5% na comparação com os 12 meses anteriores. No mesmo período, o setor de infra-estrutura teve aprovados R$ 38,25 bilhão, um avanço de 136%.

"A infra-estrutura engloba projetos pesados. Este ano, o BNDES aprovou financiamentos para hidrelétricas médias e para novas tecnologias do setor de comunicação", disse Coutinho, adiantando que a expectativa com o leilão das duas usinas do Rio Madeira é de necessidades de financiamento de até R$ 10 bilhões para cada uma.