Título: Decisão pode dificultar ida de Aécio para o PMDB
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2007, Politica, p. A13

Cesar Tropia/O Tempo/Folha Imagem Aécio: candidatura à Presidência da República fora do PSDB perde força A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de determinar a perda de mandato de ocupantes de cargos majoritários que mudarem de partido pode atrapalhar - e muito - a paquera de Aécio Neves (PSDB) com o PMDB. Nos últimos dias, intensificaram-se os comentários sobre a possibilidade de o governador de Minas Gerais mudar de legenda para disputar a Presidência da República. Sairia do PSDB para o PMDB, em virtude do favoritismo interno da candidatura do governador paulista, José Serra, no PSDB. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a hipótese em entrevista, dizendo que Aécio Neves poderia ter o seu apoio.

Com a impossibilidade de deixar a sigla pela qual foi eleito, Aécio teria de renunciar ao mandato de governador pelo menos um ano antes das eleições. A legislação eleitoral determina que os candidatos devem estar filiados às siglas com que disputarão as eleições um ano antes do pleito. Se o mineiro quiser pular para o clã pemedebista, teria de seguir a regra. Mas, se mudar de sigla, perde o mandato.

"Realmente, pela decisão do TSE ele teria de sair em 2009", disse ontem o deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP). Para o tucano paulista, Aécio nunca pensou seriamente em deixar o partido. Mas a decisão da Corte eleitoral realmente dificultaria tudo. "Renunciar ao mandato um ano antes seria ruim politicamente", afirmou Paulo Renato.

O deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) é outro que não crê em mudança de sigla de Aécio. "A decisão do TSE complica tudo. Mas, não apenas por isso, acho que a saída não se concretizará", afirmou o tucano. "Aécio tem uma capacidade de reflexão política muito avançada. Ele não seria tão precipitado de sair do PSDB, onde tem espaço, é respeitado, tem história", completou Madeira.

Um parlamentar da alta cúpula da Executiva Nacional do PMDB classificou a decisão do TSE como "um complicador". Para ele, o novo entendimento dos ministros eleitorais "embolou" a situação. "Fica muito difícil trazê-lo agora", afirmou o pemedebista.

A avaliação é de que Aécio teria sérias dificuldades em abandonar o governo de Minas Gerais com a antecedência de um ano das eleições. A renúncia do governador seria acompanhada de uma troca de partido, o que não é bem visto pela população (pesquisas recentes demonstram que a maioria das pessoas condena o troca-troca).

"Uma renúncia acompanhada de uma troca de partido seria começar a disputa pelo Planalto dando muita munição aos adversários", disse o pemedebista.

Paulo Renato classificou a decisão do TSE como "histórica". Arnaldo Madeira afirmou que a "situação" da vida política brasileira irá melhorar, mas não é suficiente. "A reforma política deveria começar pela mudança no sistema eleitoral, para diminuirmos a distância entre o eleitor e a população. A fidelidade partidária seria conseqüência de um novo sistema", afirmou o tucano paulista.

Até o fechamento desta edição, o governador de Minas não havia se pronunciado sobre a decisão do TSE.