Título: Fundo revê projeções de crescimento para o Brasil
Autor: Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2007, Finanças, p. C12

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu ligeiramente para baixo sua previsão para o crescimento da economia brasileira no ano que vem, como reflexo das incertezas que ainda existem sobre o impacto do desarranjo nos mercados financeiros sobre a economia mundial.

Na nova edição do seu relatório semestral sobre o cenário econômico global, divulgada ontem, o Fundo prevê que o Brasil crescerá 4% no ano que vem. Em abril, os economistas da instituição previam uma expansão de 4,2%. Para este ano, a previsão é de um crescimento de 4,4%.

As projeções do Fundo Monetário Internacional são mais conservadoras do que as feitas pelos analistas do mercado financeiro no Brasil, de acordo com o levantamento semanal feito pelo Banco Central. O último boletim divulgado pelo BC indica que o mercado espera um crescimento de 4,7% neste ano e uma taxa de 4,4% no próximo.

O Fundo avalia que o impacto da crise financeira sobre os países emergentes foi pequeno até agora, mas teme os efeitos que uma maior desaceleração da economia global terá sobre os preços dos metais e das mercadorias agrícolas, que deram impulso às exportações de países como o Brasil nos últimos anos.

Apesar do abalo que a economia americana sofreu com a crise no mercado imobiliário, o FMI acredita que o crescimento vigoroso de países emergentes como a China e a Índia será suficiente para sustentar a manutenção do prolongado ciclo de expansão que a economia mundial atravessa há alguns anos.

O relatório do Fundo prevê que a economia mundial crescerá 5,2% neste ano e 4,8% no próximo. A China, que deve crescer 11,5% neste ano, assumiu o lugar dos EUA como a principal alavanca da economia global e será responsável por mais de um terço do crescimento mundial previsto pelo FMI para este ano.

Os riscos de natureza financeira continuam preocupando o Fundo. "Não sabemos com precisão como os prejuízos do mercado imobiliário americano serão distribuídos e se as condições de crédito ficarão mais apertadas à medida em que as expectativas de [novas] perdas afetem o comportamento dos bancos", afirmou o economista-chefe do FMI, Simon Johnson.

Para ele, a atuação dos Bancos Centrais dos países avançados tem sido importante para reduzir a instabilidade dos mercados, mas ainda não foi capaz de restaurar a oferta de crédito nas áreas mais afetadas pela turbulência dos últimos meses, como o mercado de operações interbancárias. "A fumaça ainda não se dissipou", disse Johnson. (RB)