Título: Cresce a procura por títulos prefixados
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2007, Finanças, p. C4

A maior procura por títulos prefixados e o crescimento de mais de 20% no volume de negócios no mercado secundário são dois sinais que, segundo o Tesouro, marcaram setembro como um mês positivo para a gestão da dívida. O auge da crise financeira internacional foi nos meses de julho e agosto. "Tudo indica que o pior da volatilidade passou. Estamos voltando às condições de junho", comentou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras.

O perfil da dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) teve discreta melhora em setembro, apesar de o estoque ter crescido 0,99%, chegando a R$ 1,2 trilhão. Ela representa 91,25% da dívida pública federal (DPF).

A composição da dívida interna teve, no mês passado, aumentos das participações dos títulos prefixados e dos ligados a índice de preços. Além disso, reduziram-se as parcelas dos papéis vinculados à Selic, ao câmbio e à Taxa Referencial (TR). O Tesouro também informou que, nesse período, caíram o custo médio e o volume de títulos de curtíssimo prazo, que têm vencimento em até 12 meses. Outro fator positivo foi o aumento do prazo médio da dívida interna.

A apropriação de juros da dívida interna foi de R$ 11,05 bilhões no mês passado. Setembro encerrou-se com os prefixados ocupando 36,84% do total da DPMFi. Em agosto eram 36,43%. Os títulos remunerados pela variação do índice de preços também tiveram sua participação elevada de 24,85% para 25,66%. No caso dos papéis ligados à Selic, houve queda de 35,31% para 34,23%. A parcela remunerada pela variação cambial também reduziu-se de 1,09% para 1,02%. A participação da TR baixou de 2,32% para 2,26%.

Na análise do coordenador do Tesouro, a interrupção na queda dos juros, decidida na semana passada pelo Banco Central, não provocará mudança nas metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida para este ano. Além disso, Pedras revelou que não houve mudança no comportamento dos investidores no único leilão de títulos realizado em outubro. Na quinta-feira da semana passada, um dia depois da reunião do Copom, o volume de títulos negociados já foi maior que o do pico da crise. "As taxas cederam bastante", disse o coordenador.

De acordo com o Tesouro, a taxa de juros média da NTN-F com vencimento em 2017 foi de 12,86% ao ano, em 16 de agosto. Na quinta-feira da semana passada, ela foi de 11,58%. Na segunda-feira, estava em 12,06%.

Os títulos com vencimentos de curtíssimo prazo na DPMFi tiveram, em setembro, redução da sua participação, de 34,09% para 33,15% do total. No mês passado, o prazo médio da dívida interna aumentou de 35,26 meses para 36,05 meses, ultrapassando o limite de 36% previsto no PAF.

O Tesouro informou que o custo médio da DPMFi, nos últimos 12 meses, reduziu-se de 13,45% ao ano para 13,16%. Segundo as explicações oficiais, isso ocorreu, principalmente, pela redução da Selic no período.

A dívida pública federal (DPF) teve, em setembro, emissões de R$ 42,8 bilhões e resgates de R$ 45,1 bilhões. A dívida interna teve emissão líquida de R$ 700 milhões e a dívida externa teve resgate líquido de R$ 3 bilhões. Nesse período, o estoque da dívida pública federal externa (DPFe) teve queda de 6,58%, indo a R$ 115,08 bilhões, resultado do programa de recompra de títulos.

Pedras informou que, ao longo de setembro, a expressiva redução da volatilidade permitiu que o Tesouro voltasse a realizar leilões mais significativos de prefixados, comportamento mantido na única oferta de outubro. No mês passado, as emissões de títulos da dívida interna foram de R$ 42,7 bilhões. Desse volume, 41,86% foram de papéis ligados à Selic, 28,99% de prefixados e 28,83% ligados a índice de preços.

Os números de setembro também mostraram uma recuperação no mercado secundário. O volume médio diário de títulos negociados foi de R$ 13,18 bilhões, o que significa crescimento de 20,17% sobre agosto. Apesar dessa retomada, ainda não foi alcançado o nível de junho: R$ 16,32 bilhões.

Os prefixados continuam sendo os títulos mais negociados no mercado secundário, com participação aumentando de 55,04% (agosto) para 55,51%. Os papéis ligados à Selic também ganharam espaço e foram de 27,76% para 28,55%. No mês passado, diminuiu o peso dos títulos ligados a índice de preços no mercado secundário, passando de 17,2% para 15,94%.