Título: Governo lança agência de desenvolvimento
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2005, Brasil, p. A4

A cargo de pelo menos 11 ministérios, a política industrial do governo ganhou ontem uma face visível, com a posse dos diretores da recém-criada Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), presidida pelo ex-diretor da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Alessandro Teixeira. Em uma mostra da importância da inovação científica e tecnológica para a política de desenvolvimento do governo, o presidente do conselho deliberativo da nova agência será o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Uma das prioridades da nova agência será a criação de mecanismos para estimular o chamado "venture capital" ou capital de risco (termo que os dirigentes da ABDI não consideram muito adequado), a aplicação de recursos em empreendimentos inovadores. "Em setores como o softwares, os especialistas, em feiras mundiais, já afirmam que o Brasil é a próxima tendência", comenta Teixeira. Ele comemora as ações que o governo vem tomando, grande parte na área tributária, a partir de consultas a representantes do setor privado reunidos no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que reúne 14 representantes de ministérios e 14 da sociedade civil, entre empresários, sindicalistas e acadêmicos. Uma das medidas comemoradas pelos empresários foi a aceleração da depreciação de capital, que permite às indústrias abater o custo de investimentos no cálculo do imposto a pagar. Os dirigentes da nova agência acreditam que a coordenação das atividades de política industrial permitirá ao governo ter resultados práticos ainda antes do fim de 2006, nos setores prioritários, de softwares, farmacêuticos, semicondutores, bens de capital, biotecnologia, nanotecnologia e fontes de energia renovável. "Acusaram a política industrial de ser um conjunto de boas intenções; elas agora estão se concretizando", afirmou Alessandro. O governo prevê a aplicação de R$ 135 milhões dos fundos setoriais em projetos de inovação tecnológica nas empresas, já financia R$ 244,5 milhões em 14 projetos abrigados pelo fundo tecnológico do BNDES, e mais R$ 75,9 milhões em 702 projetos de desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Em março, segundo Teixeira, será inaugurado, em Miami, o primeiro (de oito) centro de distribuição e logística para garantir canais de comercialização às pequenas e médias empresas. As dificuldades para coordenar atividades em diversos ministérios, aprovar leis no Congresso e regulamentar as medidas fizeram com que só agora comecem a funcionar de fato algumas das medidas anunciadas ainda em 2003 na política industrial, segundo reconheceu o ministro Eduardo Campos. Um exemplo é o Modermaq, que reduziu os custos de financiamento da compra de máquinas e equipamentos nacionais novos para a indústria. Com dotação orçamentária de R$ 2,5 bilhões para uso em doze meses a partir de agosto de 2004, o Modermaq, até 25 de janeiro, tinha contratadas 440 operações, no total de R$ 197,8 milhões. O Prosoft, para desenvolvimento de softwares e serviços correlatos, passou a previsão inicial de R$ 100 milhões, e já envolve financiamentos de R$ 195 milhões, em 42 operações. O Profarma, para fármacos, com previsão de R$ 500 milhões, já opera com 14 projetos, no total de R$ 282 milhões. A nova agência só começará a atuar oficialmente em março, quando deverão estar nomeados seus 50 funcionários (o decreto de criação da ABDI prevê a contratação de até 113 pessoas). O orçamento inicial da agência é de R$ 14 milhões, financiados pelas contribuições ao chamado sistema S.