Título: Cresce uso de cartão corporativo
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2005, Brasil, p. A4

O ministro interino do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Machado, confirmou ontem a decisão de aumentar o uso de cartões de crédito corporativos no governo, conforme antecipou o Valor. Agora, o governo vai permitir que os cartões sejam utilizados para o pagamento de diárias de servidores em viagem. As novidades entram em vigor no momento em que os números mostram que têm havido saques excessivos em dinheiro com os cartões. O balanço dos 3.144 cartões corporativos existentes demonstrou que houve elevado grau de saques - R$ 6,029 milhões, ou 61,96% dos R$ 9,731 milhões gastos com os cartões Visa do governo federal. Isso contraria o argumento de que os cartões dão mais transparência aos gastos, já que todos os valores seriam discriminados nos extratos. O total dos pequenos gastos - despesas de até R$ 8 mil por transação, como táxis, papelaria e chaveiros -, cresceram 60,45% em 2004, passando de R$ 120,027 milhões em 2003 para R$ 192,578 milhões. O ministro Nelson Machado não explicou porque houve tantos saques em dinheiro. "Quando tivermos mais cartões corporativos, serei capaz de ter informações para responder." Segundo ele, o elevado número de saques "não significa nada". "O importante é aumentar o uso dos cartões para começarmos a quebrar a cultura de pagar pequenas despesas com dinheiro vivo", disse. Machado classificou a iniciativa de aumentar o uso do cartão como uma das mais importantes que o governo está adotando no chamado choque de eficiência nos gastos. "Teremos mais agilidade na prestação de contas, que serão feitas de forma eletrônica, com economia na prestação de contas por papel." Mas ele não sabe medir o tamanho da economia com o novo sistema. O ministro acredita que o elevado número de saques tende a cair. "O novo decreto que regulamenta o uso dos cartões corporativos deixa explícito que o saque em dinheiro é uma excepcionalidade, que precisa ser justificada", disse. Já o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do ministério, Rogério Santanna, avalia de forma positiva o balanço. "Já temos alguns dados eletrônicos, antes do cartão tudo era por dinheiro vivo", disse. Ele acredita que o elevado índice de saques ocorre por distorção, devido ao pequeno volume de cartões. "Os maiores usuários são a Presidência e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e os gastos deles são especiais, com prestação de contas sigilosa."