Título: Governo planeja concessões para negociar contribuição
Autor: Leo, Sergio ; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2007, Política, p. A10

O governo deve fechar até quarta-feira o limite das desonerações possíveis para assegurar a aprovação da prorrogação da CPMF no Senado. Na quinta-feira, está marcada uma reunião da comissão de senadores com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O governo sabe que precisa dos votos da oposição para aprovar a prorrogação e entendeu os sinais de tucanos e dos governadores de que, sem concessões, a PEC dificilmente será aprovada até o dia 20 de dezembro.

Apesar de dizer que já incluiu no texto da PEC a possibilidade futura de redução da alíquota da CPMF - por projeto de lei ou medida provisória - e de ter aberto um canal de negociações com o Senado na semana passada, o Planalto reconhece que chegou a hora de dar uma resposta concreta à oposição. A avaliação foi feita ontem, durante reunião da coordenação política, na qual o vice-presidente José Alencar avaliou a visita que fez ao Senado e reforçou o otimismo com a cordialidade com o qual foi recebido, inclusive pela oposição.

"Por tudo que ocorreu nos últimos dias no Senado (o afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros, e agora, o pedido de licença médica por 10 dias), há uma clima propício para negociações, algo que não havia antes", disse um dos integrantes da coordenação política. Na semana passada, Lula chegou a endurecer o discurso , especialmente com o Democratas. Em viagem à África, chegou a chamar o antigo PFL de "Demos" e disse que, se eles optassem de fato em fechar questão contra a prorrogação, era um "problema partidário, não do governo".

Ontem, de maneira mais discreta, o Planalto comemorou o que considerou antecipação do relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Após uma consulta à assessoria jurídica do Senado, a senadora ruralista descobriu que o prazo de 30 dias na CCJ referia-se à tramitação completa da matéria na Comissão, não à apresentação do relatório. Com isso, ela resolveu apresentar seu texto na terça da semana que vem, dia 30.

De lápis na mão e com os sinais vindos sobretudo do PSDB, o governo estuda as concessões para conseguir os votos necessários para aprovar a PEC em dois turnos. Como a reunião dos senadores com Guido Mantega acontece na quinta, o encontro dos parlamentares com Lula não será mais realizado essa semana. A própria oposição já disse que, sem uma agenda concreta, não vai ao Planalto.