Título: Grandes estão mais estocadas, mostra pesquisa
Autor: Raquel Landim e Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2005, Brasil, p. A5

O ritmo de expansão da indústria brasileira diminuiu no último trimestre de 2004 e os sinais de desaquecimento são mais claros nas grandes empresas, que acumularam estoques de produtos e de matérias-primas, mostra a Sondagem Industrial divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a pesquisa, o indicador de produção da indústria caiu de 60,1 pontos no terceiro trimestre para 57,6 pontos no quarto trimestre. O indicador varia de zero a 100 pontos e valores acima de 50 pontos indicam evolução positiva. Entre as grandes empresas, 49,4% registraram aumento de produção no quarto trimestre. No trimestre anterior esse percentual era de 65%. O faturamento da indústria também caiu. Esse indicador passou de 59,9 para 58,2 pontos. Mais uma vez, o indicador das grandes empresas recuou, de 66,4 para 61,4 pontos. O indicador do nível de emprego permaneceu acima de 50 pontos, ou seja, as indústrias continuam contratando. Para as grandes empresas, o indicador ficou em 55,7 pontos e, para as pequenas e médias, em 53,1. O estudo explica que os sinais de desaquecimento ainda não são claros para as pequenas e médias empresas. Nelas, os indicadores do nível de atividade ficaram praticamente estáveis. O da produção passou de 57,3 para 57,5 pontos e o do faturamento saiu de 56,5 para 56,6 pontos. O grau de utilização da capacidade instalada também reflete a desaceleração no ritmo de crescimento da atividade industrial. Entre as grandes empresas, o nível de utilização da capacidade instalada ficou estável em 83%. Entre as pequenas e médias empresas, o percentual aumentou apenas um ponto percentual e ficou em 74%. A redução do ritmo de crescimento da atividade industrial resultou no acúmulo de estoques no quarto trimestre de 2004. Segundo a sondagem, os setores com estoques acima do planejado são couros e peles, vestuário e calçados, têxtil e papel e papelão. Para as pequenas e médias, os estoques estão no nível planejado. Entre as grandes, o indicador aumentou de 51,5 para 53,8 pontos. A pesquisa mostra que a carga tributária continua sendo o principal problema enfrentado pela indústria: 73% das empresas entrevistadas apontaram a alta carga de tributos como sua principal preocupação. Em segundo lugar ficaram as taxas de juros. Os empresários também reclamaram da desvalorização do dólar. "Os dados mostram continuidade do crescimento, mas já há sinais de diminuição no ritmo desse crescimento. Isso se detecta principalmente nas grandes empresas. Um sinal desse fenômeno é o fato de as empresas estarem com os estoques mais altos do que planejavam para o período", disse o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco Branco.