Título: Derrubada da CPMF trará o caos", diz Cid Gomes
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2007, Política, p. A11

Jarbas Oliveira/Valor - 16/4/2007 Cid Gomes: "A alternativa para reduzir a carga tributária era não arcarmos com o pagamento de juros da dívida" O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), assumiu ontem incondicionalmente a defesa da aprovação da emenda que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), da forma como o governo quer. Cid chegou a condenar a proposta de divisão de parte dos recursos da contribuição com os governos estaduais. "Pedir a partilha de recursos seria uma incoerência com o que eu acredito", disse o governador.

Segundo Cid Gomes, "o Brasil não pode abrir mão desta receita. O governo não tem superávit, isto é falacioso, porque se esquece a conta de juros. Se a CPMF deixar de existir e o governo perder R$ 40 bilhões, será a volta de juros, a inflação maior, a economia desaquecida, o caos. E os empresários serão os maiores perdedores", disse o governador, que defendeu a aprovação do tributo em um jantar com executivos de grandes empresas em São Paulo, uma platéia que trabalha contra a aprovação da CPMF.

Irmão do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), candidato derrotado à presidência nas eleições de 1998 e 2002, Cid Gomes retomou uma argumentação que indispôs Ciro com o mercado financeiro na última eleição presidencial que disputou. " A alternativa para reduzir a carga tributária era não arcarmos com a despesa que temos com o pagamento de juros da dívida. São R$ 130 bilhões. Sem esta despesa, o Estado poderia abrir mão da carga que coloca sobre a sociedade", afirmou. Indagado sobre como o governo iria deixar de ter este tipo de desembolso, Cid que não tinha propostas.

"Acho que este assunto deve ser discutido com a população. Devemos mostrar como isso atravanca o País", afirmou. Na sucessão de 2002, Ciro Gomes propôs um alongamento voluntário do perfil da dívida pública, recebendo uma onda de ataques dos agentes econômicos, da imprensa e de seus adversários na ocasião.

O governador mostrou-se disposto a tentar reaproximar seu partido do PT. Desde a derrota do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) para o PT em sua tentativa de reeleger-se presidente da Câmara, no começo deste ano, o PSB, o PC do B e o PDT formaram um bloco de partidos de esquerda e começaram a estruturar candidaturas próprias em várias capitais estaduais, rompendo tradicionais alianças com os petistas.

"Sempre que possível, devemos reproduzir a aliança que temos nacionalmente com o PT nos Estados. No Ceará, isto provavelmente vai ocorrer", afirmou Cid Gomes. Na verdade, o PSB deverá apoiar a reeleição da prefeita Luizianne Lins (PT) em Fortaleza, mas a senadora Patricia Saboya Gomes, que migrou do PSB para o PDT, irá enfrentá-la nas urnas e poderá deixar a petista fora do segundo turno. "O PDT não fazia originalmente parte da aliança nossa aqui no Ceará com o PT", desconversou o governador, que foi cunhado da senadora.