Título: Nos EUA, Dilma faz apelo para que a oposição seja melhor do que a do PT
Autor: Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2007, Política, p. A11

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fez ontem um apelo à oposição para que ajude o governo a prorrogar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), acusando-a de pôr em risco a estabilidade econômica e a continuidade dos programas sociais do governo ao combater a renovação do tributo no Congresso.

"Nós somos, nós teremos de ser um governo melhor do que a atual oposição foi", disse Dilma. "A atual oposição tem que ser uma oposição melhor do que nós fomos." Dilma participou ontem de um evento organizado em Washington pela Brazilian-American Chamber of Commerce, uma associação formada nos Estados Unidos por investidores com negócios nos dois países.

"Se tirar a CPMF hoje das contas públicas brasileiras, vai significar um grande problema para esse processo virtuoso que nós estamos vivendo", disse Dilma, em entrevista depois de uma palestra sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Acho que a oposição, principalmente a oposição responsável, que governou o país até 2002, sabe perfeitamente o que isso significa".

Dilma admitiu que o PT cometeu "equívocos" quando estava na oposição e os tucanos ocupavam o Palácio do Planalto, mas disse que a atual inversão de papéis abre caminho para um amadurecimento do sistema político brasileiro, que levaria a um "ciclo virtuoso em que todos são responsáveis por uma condução (das políticas) de Estado, apesar dos diferentes governos".

A ministra voltou a afastar a hipótese de sua candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. "Eu não sou candidata", disse Dilma, repetindo a frase três vezes. "Se eu não sou, é porque eu não quero ser candidata." Para ela, discutir o assunto agora só interessa à oposição. "Colocar em debate a sucessão é tentar reduzir nosso mandato e essa é uma discussão que não cabe agora."