Título: Saldo em conta corrente recua para 0,75% do PIB
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2007, Finanças, p. C2

O superávit em conta corrente caiu para 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses encerrados em setembro, o menor percentual observado desde dezembro de 2003. O saldo divulgado ontem ficou bem abaixo das projeções do mercado financeiro e do próprio Banco Central. Para outubro, a expectativa é de um resultado negativo.

Os dados, divulgados ontem pelo BC, mostram que finalmente as contas externas do país estão migrando de uma fase de altos superávits para um período de maior equilíbrio. Em 2003, o Brasil iniciou um ajuste nas contas externas, criado pela combinação de juros elevados e desvalorização da taxa de câmbio.

Até 2002, o país registrava saldos negativos em conta corrente, com um pico de 4,32% do PIB em 1999. Com o ajuste externo, as contas viraram, e em 2004 o superávit atingiu um pico de 1,76% do PIB. O período de superávit permitiu que o país acumulasse reservas e reduzisse a dívida externa. Agora, o governo acha que a redução do superávit poderá permitir que a demanda interna, como consumo e investimento, possa crescer mais.

Em setembro foi registrado superávit em conta corrente de apenas US$ 471 milhões, ante US$ 1,3 bilhão esperado pelo BC. É também inferior aos US$ 2,25 bilhões de setembro de 2006. Entre outubro de 2006 e de 2007, o superávit encolheu sobretudo devido ao menor saldo comercial, que diminuiu de US$ 4,468 bilhões para US$ 3,471 bilhão. O resultado ficou abaixo do US$ 1,3 bilhão esperado pelo BC devido à aceleração da remessa de lucros e dividendos, que chegou a US$ 1,686 bilhão.

Para outubro, o BC espera um déficit de US$ 500 milhões. Caso a projeção se confirme, o resultado acumulado no ano deverá cair abaixo de 0,75% do PIB. Em outubro de 2006, foi registrado um resultado positivo de US$ 1,536 bilhão. A expectativa para 2007 é um superávit em conta corrente de US$ 7,8 bilhões, equivalente a 0,61% do PIB. Em 2006, o superávit foi de US$ 13,621 bilhões, equivalente a 1,28% do PIB.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a queda do superávit não deverá comprometer a percepção de solvência do país. "Embora menor, o número ainda é positivo", afirma. "Além disso, o país tem hoje dívida externa menor, reservas maiores e o fluxo de investimentos diretos ao país se mantém elevado." (AR)