Título: FIP Brasil Energia investe em usinas do CE
Autor: Vieira, Catherine; Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2007, Finanças, p. C5

O Fundo de Investimento em Participações (FIP) Brasil Energia, gerido pelo UBS Pactual, acertou o investimento em mais um projeto. O Parque Eólico Bons Ventos, no Ceará, que reúne quatro usinas eólicas, vai receber aportes de R$ 120 milhões do fundo, que possui um patrimônio total para investimentos em projetos de R$ 740 milhões. Antes do projeto de energia eólica, o Brasil Energia já tinha investido R$ 50 milhões na Gera, uma geradora de Manaus; e outros R$ 80 milhões na Intesa, linha de transmissão entre Goiás e Tocantins.

O fundo Brasil Energia reúne investimentos de grandes fundos de pensão, do BNDES e da Banco do Brasil Investimentos (BBI). Entre os cotistas estão a Petros (fundo dos petroleiros), Funcef (funcionários da Caixa), Fundação Real Grandeza (Furnas) e Fapes (BNDES). Com este novo aporte, o fundo já tem investidos R$ 250 milhões, mas já há outros projetos em adiantado processo de escolha.

O parque eólico no qual o FIP acertou o novo aporte, explica Alessandro Horta, responsável pelo fundo no UBS Pactual, é o maior no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa).

São quatro usinas eólicas com capacidade conjunta de 160 MW. "O projeto tem previsão de ficar pronto em dezembro de 2008 e o fundo está entrando com uma parcela dos recursos totais investidos, que são estimados em R$ 800 milhões", explica Horta. O FIP geralmente entra com parcela dos recursos e há co-investidores nos projetos.

A energia gerada pelo parque é suficiente para atender 500 mil residências, ou cerca de 2 milhões de pessoas. O fornecedor de equipamentos será um grupo indiano. "Um dos desafios em alguns segmentos de infra-estrutura de energia tem sido conseguir equipamentos e fornecedores, a demanda está bastante alta de forma global", diz Alessandro Horta.

O FIP Brasil Energia foi constituído em 2005 e foi o primeiro da recente leva de fundos de participação que vão investir em infra-estrutura. Os primeiros investimentos do fundo foram feitos em meados do ano passado. Segundo Alessandro Horta, o período de investimentos do FIP vai até 2009, podendo ser prorrogado até 2010.

"É um fundo com perfil de prazo bastante longo, os desinvestimentos são previstos só a partir de 2015, mas o período pode ser ampliado até 2021, de acordo com as regras do FIP", diz Horta. O fundo foi constituído com o objetivo de investir em projetos de transmissão e geração de energia, inclusive PCHs.

Dos R$ 490 milhões que ainda estão disponíveis para aplicar em projetos, aportes de cerca de R$ 120 milhões já estão em vias de se concretizar. O comitê de investimentos já aprovou duas novas aplicações, sendo um deles numa geradora de energia térmica a óleo combustível, com capacidade de 165 MW, na qual o Brasil Energia deve aplicar R$ 70 milhões, sendo que o investimento total para a implantação da usina é previsto em R$ 300 milhões e a conclusão é estimada para 2010.

Outro projeto que deve receber recursos de R$ 50 milhões do FIP é o de duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que estão em implantação no Paraná, com capacidade de 37 MW e conclusão prevista para 2009. O investimento total para a implantação das usinas é estimado em R$ 110 milhões.

Segundo Alessandro Horta, além desses projetos que já foram aprovados pelo comitê, há outros que o fundo já vem estudando e que estão no chamado "pipeline", ou seja, em processos de negociação. Entre eles há geradoras contratadas no último leilão A-3 (energia a ser entregue dentro de três anos), usinas térmicas com participação no próximo leilão A-5, outras PCHs, hidrelétricas já em operação e projetos de co-geração, além de linhas de transmissão.

Segundo Horta, desde a constituição do fundo, a equipe vem analisando inúmeros projetos. "Esse é um setor no qual temos uma expertise cada vez maior e que nos interessa muito, já olhamos uma quantidade grande de projetos, procuramos ser bastante criteriosos", conclui Horta.