Título: Mercadante baixa tom de críticas
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2005, Política, p. A10

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou ontem que a reforma ministerial será feita depois da eleição das Mesas da Câmara e do Senado, na segunda metade de fevereiro. "Não está na pauta de discussões deste momento. O governo está concentrado em preparar o início do processo legislativo. Primeiro será feita a eleição das duas mesas e da presidência de comissões. A partir daí, será realizado um ajuste no ministério." Acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita a Guarulhos, em São Paulo, o senador mudou o tom das críticas à política econômica. Terça-feira, havia criticado a meta de inflação, de 5,1%, como "muito baixa" e comprometedora do crescimento. A estimativa, segundo o petista, impediria o governo de reduzir a carga tributária e de diminuir as taxas de juros. Ontem, Mercadante afirmou que, por enquanto, o governo não pode diminuir os tributos. "A carga tributária não pode cair agora. Pode ser melhor distribuída, com mais justiça e impedir maior aumento. Vamos trabalhar para que não haja aumento, como não houve em 2003." Mercadante afastou a hipótese de desgaste político do governo com o aumento de impostos. "Se não tivermos um superávit primário elevado- e em 2004 fizemos um esforço muito grande- a dívida pública não cai. Se não cai, não podemos baixar juros, nem reduzir os tributos." O senador disse que com a queda da dívida pública, de 61% para 51% do PIB, "os juros podem cair sustentadamente, sem aumentar a carga tributária". "É muito importante criar um ambiente para reduzir os juros." O petista foi enfático em sua defesa ao Banco Central e disse que a entidade vai continuar a comprar contratos indexados ao dólar. " Há uma desvalorização do dólar globalmente e há uma especulação forte contra o dólar internacional. Está sendo utilizado também o real neste processo", disse Mercadante. "O Banco Central vem aumentando a compra do dólar para melhorar as reservas cambiais do país e ontem anunciou uma medida muito importante: vai começar a comprar dólar no mercado futuro. Exatamente onde está a força da especulação contra o dólar, a favor do real. Isso é um instrumento para buscar reverter a trajetória da apreciação da moeda e pode sim, se não for revertida, prejudicar a balança comercial do país", afirmou o líder do governo no Senado. (CA)