Título: Aliados de Aécio descartam saída do PSDB
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2007, Politica, p. A7

A instituição da fidelidade partidária para cargos majoritários foi recebida com tranqüilidade pela base aliada do governador mineiro Aécio Neves (PSDB), que até ontem não havia se pronunciado sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que um governador que troque de partido estará sujeito até à perda do mandato.

Os aliados de Aécio ainda acreditam que o Congresso Nacional poderá mudar a decisão do Judiciário. E que, na estratégia de Aécio para tentar concorrer à Presidência da República em 2010, não há espaço para uma troca de partido, mesmo ante à competição com o governador paulista José Serra.

"A disputa política nossa é interna. Vamos ganhar esta batalha pela candidatura dentro do partido, encerrando o ciclo de candidaturas vindas de São Paulo", afirmou o deputado federal Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB mineiro, referindo-se ao fato de todos os cinco candidatos presidenciais que o partido já teve serem originários da seção paulista. Segundo Nárcio, "Aécio foi convidado por PMDB, PTB e PSB, mas jamais cogitou sair da sigla. Até porque disputar nas urnas contra Serra seria dividir o nosso eleitorado e garantir a vitória ao adversário", concluiu.

De acordo com o líder do governo Aécio na Assembléia Legislativa, Mauri Torres (PSDB), "Aécio nunca tratou de troca de partido, nem em ambientes públicos, nem em privado". Segundo Torres, a maior apreensão no partido é com o destino dos 38 prefeitos e vice-prefeitos que ingressaram no PSDB local nos últimos meses. "Há muitas perguntas ainda sem resposta: como fica a situação dos prefeitos que estavam sem filiação partidária? Qual data neste caso será considerada para a troca de partido, a da desfiliação na última legenda ou a da filiação na nova? E a situação dos vice-governadores e dos vice-prefeitos? Dependendo de como a Justiça decidir, a função deles, na prática, estará abolida", afirmou o parlamentar.

Desde o início do ano, Aécio Neves distribuiu sinais ambivalentes sobre o seu futuro político. Estabeleceu um pacto com José Serra para deter o processo de disputa interna dentro do PSDB, mas encontrou-se com a cúpula do PMDB nos momentos em que aumentava a articulação do governador paulista junto aos caciques do partido.

Na semana passada, em entrevista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Aécio Neves poderia se converter no candidato da base governista à sua sucessão, desde que saísse do PSDB e ingressasse em um partido aliado, como o PMDB. Como faz habitualmente, o governador mineiro negou o interesse em sair do partido.