Título: CPMF divide líderes do PSDB paulista
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 22/10/2007, Política, p. A7

A votação sobre a prorrogação da CPMF divide opiniões de lideranças políticas dentro do PSDB. Diante da ameaça de corte de repasses para os Estados caso o tributo seja extinto, o governador de São Paulo, José Serra, defendeu a negociação com o governo federal. Já o ex-governador Geraldo Alckmin rejeitou a manutenção da alíquota de 0,38% do tributo.

Ontem, na convenção estadual do PSDB de São Paulo, os dois expuseram divergências. Para Serra, se não houver negociação com o governo os tucanos não votarão a favor. E destacou que existem tributos piores, "como a contribuição patronal sobre a folha ou o PIS/ Cofins". "Queremos uma solução boa à economia."

Já Alckmin considerou que se a votação não for contrária à CPMF a tributação será "eternizada". "Sou contra alíquota de 0,38%. Se no momento em que tem recorde de arrecadação não reduzir, ela ficará eterna." Ele propôs o fim da contribuição ou a redução para 0,08%, tornando-se um " tributo fiscalizatório".

Assim como Alckmin, parlamentares não sinalizaram simpatia ao governo. "Estamos com o pé atrás sobre qualquer tipo de entendimento", resumiu o deputado Vanderlei Macris. Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio, "a bancada não está fechada ao debate, desde que o governo compense a alíquota". Na sexta-feira, os governadores Serra e Aécio Neves reuniram-se com senadores para discutir as propostas do governo. A divergência ficou clara: os governadores querem negociar, mas os senadores não.

Além das discordâncias sobre a CPMF, a eleição para a Executiva preocupou os líderes. Grupos 'alckmistas' disputavam cargos com 'serristas'. O presidente estadual, Mendes Thame, foi reeleito, mas teve dificuldade para articular o preenchimento dos demais cargos. "Há muitos desejos pessoais nesse debate." Publicamente, tanto Serra quanto Alckmin pregaram a união. Eles evitaram falaram sobre a eleição de 2008, mas tucanos lançaram Alckmin à prefeitura, minando o apoio do PSDB à reeleição de Gilberto Kassab (DEM).