Título: Partidários da ministra negociam lançamento de Chinaglia à Prefeitura de SP
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/10/2007, Política, p. A8

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, considerada a candidata favorita do PT à Prefeitura de São Paulo em 2008 tem, reiteradas vezes, repetido que não pretende voltar ao cargo que já ocupou, deixando subentendido que almeja vôos maiores em 2010 - governo estadual ou Presidência da República. Seus aliados ainda esperam que ela mude de idéia mas, aos poucos, começam a acreditar que a ministra não está blefando e passam a pensar em alternativas. E o plano B começa a ser delineado concretamente: os martistas lançariam o atual presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para concorrer com os tucanos e com o atual prefeito, Gilberto Kassab, no ano que vem.

Estrategicamente, Chinaglia faz seus movimentos políticos. Deixa claro, repetidas vezes, que não "baterá chapa contra Marta em uma prévia interna". Mas já avisou que "seria uma grande honra concorrer à Prefeitura de São Paulo". Na disputa para o PED, apoiará o martista Jilmar Tatto. Em contrapartida, o deputado declarou que, eleito, dará a preferência a Chinaglia na pré-candidatura à prefeitura. Aliados de Chinaglia querem algo mais concreto. "Não adianta o Tatto apoiar só se ganhar o PED. O acordo tem de ser outro. Se Chinaglia conseguir, de fato, transferir os seus votos para Tatto, a recíproca será o apoio dos martistas a ele no ano que vem".

Ser apoiado pelo grupo de Marta não significa que não haja o risco de prévias internas em 2008 - o próprio José Eduardo Cardozo já avisou que pleiteia a vaga, caso não seja eleito presidente do PT em dezembro. Mas o grupo martista assegura o controle do diretório municipal. "Quem nós apoiarmos, ganha", cravou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Na ausência de Marta, Chinaglia torna-se o maior expoente por ser um parlamentar mais experiente - além de estar no quarto mandato, todos os principais martistas são calouros na Câmara. Além disso, estará em um momento de evidência, já que concorrerá acumulando a campanha com a presidência da Câmara - não existe a necessidade de desincompatibilização - cargo que sempre confere uma ampla visibilidade ao seu ocupante.

Chinaglia já se beneficiou dessa super exposição uma vez. Dos deputados reeleitos pelo PT para a legislatura 2007-2011, foi o único a ter uma votação superior à obtida na eleição anterior. O melhor desempenho, segundo aliados e adversários - inclusive alguns petistas - deveu-se à sua presença constante no noticiário enquanto era líder do governo na Câmara, entre 2005 e 2006.

Aliados de Marta acham que qualquer petista indicado ano que vem chega ao segundo turno. "Todo mundo sai com 1% das intenções de voto. Mas só o PT tem entre 22% e 24% de intenções de voto na capital", lembra o deputado Carlos Zarattini (SP). "Qualquer nome vai ganhar força quando colar na militância petista", completa ele.

Ser eleito em segundo turno é outra questão, principalmente diante do cenário, quase provável, do lançamento do tucano Geraldo Alckmin. A aposta é que o PSDB e o DEM rachem - o governador José Serra não esconde, na visão de alguns petistas, a inclinação de apoiar Gilberto Kassab para a reeleição. Isso tornaria o cenário mais fácil.

Segundo os petistas, Marta não concorre porque "está entusiasmada com o ministério". Além disso, comentam, se perder ano que vem, fica mais difícil voltar ao governo e viabilizar-se para qualquer coisa em 2010, afirmou um parlamentar que conhece os planos da ex-prefeita. (PTL)