Título: Aécio pede proposta consistente para negociar
Autor: Moreira , Ivana ; Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2007, Política, p. A8

Para reabrir as negociações sobre a prorrogação da CPMF, o governo federal terá de estar disposto a apresentar uma proposta "absolutamente consistente". A avaliação é do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), que cobrou ontem gestos claros por parte do Palácio do Planalto da sua disposição de reformular de forma profunda sua proposta: "É preciso que o governo decida se efetivamente quer fazer gestos claros, por exemplo, no aumento dos recursos para a saúde não para o próximo governo, mas já a partir do próximo ano, para que nós passamos discutir a possibilidade de reabrir isso internamente".

Segundo Aécio, não é só o PSDB que precisa ser convencido, mas todos os Estados, o país. O governador lembrou que, embora a decisão final seja dos senadores, os governadores também estão discutindo as propostas do governo: "Até o momento da votação nós devemos estar atentos para ver se há alguma modificação na posição do governo. Se não houver, a tendência do partido é votar contra".

De acordo com o governador de Minas, caso o Planalto venha a apresentar alguma nova proposta, como antecipar fortemente o cronograma dos investimentos da saúde, transferindo recursos para Estados e municípios, o PSDB terá de analisar. "Até para negar o apoio", ponderou. "Mas fechar as portas a qualquer proposta eu não acho que seja sequer democrático."

Já o governador do Rio, Sérgio Cabral, fez uma ampla defesa da manutenção da cobrança da CPMF. Forte aliado político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cabral argumenta que a contribuição é importante para manter os fundamentos econômicos do país saudáveis, uma vez que o Brasil está próximo de chegar ao grau de investimento pelas agências internacionais de classificação de risco. "Não é defender o governo do presidente Lula, é defender o Estado", afirmou Cabral. "A gente não pode brincar com a economia brasileira e abrir mão de R$ 36 bilhões", completou.

O governador do Rio disse ainda que a cobrança já foi defendida por outros governos. Por isso, sua continuidade deve ser alvo de diálogo, evitando as disputas partidárias. "Todos os partidos têm que conversar e deixar o fígado de lado", disse o governador. Hoje, Cabral vai receber prefeitos de diversos partidos do Estado do Rio que devem declarar apoio à prorrogação da CPMF durante solenidade da Transpetro, no Rio, na qual também estará presente o presidente Lula.

O governador de São Paulo, José Serra, que esteve no Rio para assinar convênios na área tributária com Cabral, não quis abrir a sua opinião sobre a cobrança. "Não tenho dado declarações, fora as conversas com a bancada. E vou me manter assim até que se possa chegar a uma solução para esse assunto", disse. Para Serra, a questão é "extremamente relevante". Por esse motivo, ele vem discutindo o tema com os senadores em conjunto com os outros governadores tucanos, como Aécio, Cássio Cunha Lima (PB) e Teotônio Vilella Filho (AL). "Temos um entendimento a esse respeito, que estamos tratando dentro do partido", Serra.

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