Título: Encontro avança pouco na proposta de reformas
Autor: Washington
Fonte: Valor Econômico, 22/10/2007, Especial, p. A12

A reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) termina hoje sem avanços significativos nas complicadas negociações sobre a reforma da instituição, num sinal das dificuldades que o francês Dominique Strauss-Khan terá para promover um acordo entre os sócios do FMI a partir da próxima semana, quando assumirá o posto de diretor-gerente da organização.

Os 185 países que fazem parte do FMI discutem há vários anos mudanças no sistema de cotas que divide o poder dentro da instituição. Países emergentes como o Brasil reivindicam um espaço maior na instituição, em que as nações mais avançadas sempre tiveram a hegemonia. Nas últimas semanas, os países ricos concordaram com a definição de princípios e aceitaram reafirmá-los num documento de significado político, o comunicado dos 24 ministros que compõem o Comitê Monetário e Financeiro Internacional, que se reúne duas vezes por ano para discutir a atuação do FMI.

O documento, divulgado sábado, diz que a reforma deve ter como um dos seus resultados um aumento nos votos que os países emergentes têm. É a primeira vez que isso é dito desta maneira num comunicado do grupo. Mas ninguém sabe como isso será feito. Os ministros renovaram a esperança de que a reforma seja concluída antes da próxima reunião, em seis meses. Nos últimos meses, os sócios do Fundo avaliaram várias fórmulas para mudar o cálculo das cotas e redistribuí-las, mas nenhuma foi bem-recebida. O principal problema é a resistência dos países europeus, que dificilmente terão condições de conservar o poder que têm na instituição depois do rearranjo das cotas.

Os ministros também definiram que o capital do Fundo terá um aumento mínimo de 10% para acomodar a redistribuição das cotas. Mas os cálculos preliminares indicam que isso permitiria uma mudança muito pequena na divisão atual, com a transferência de apenas cerca de 2% dos votos dos países avançados para o bloco emergente. Durante sua campanha para o cargo, Strauss-Khan prometeu levar adiante as reformas propostas por seu antecessor, o espanhol Rodrigo de Rato, e ganhou o apoio de vários países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Ele também lançou novas idéias, como o uso de um sistema em que cada país teria direito a um voto em certas decisões, independentemente da sua importância econômica. (RB)