Título: Claro tem adesão recorde no 3º trimestre
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 22/10/2007, Empresas, p. B2

Ao conquistar 1,7 milhão de clientes entre julho e setembro, a operadora de celular Claro obteve seu melhor desempenho em um terceiro trimestre. A empresa absorveu quase um terço dos assinantes de telefonia móvel que ingressaram no mercado brasileiro no período.

A operadora tirou proveito do crescimento acelerado da base instalada de telefonia móvel do país nesse intervalo - com ofertas de bônus para os pré-pagos, descontos em serviços de transmissão de dados e aparelhos gratuitos. "A Claro registrou seu número mais elevado de adições líquidas num terceiro trimestre", destacou o grupo mexicano América Móvil, que controla a empresa brasileira e divulgou na quinta-feira à noite o resultado financeiro dos meses de julho a setembro.

Nos nove meses do ano, a Claro conquistou 4,1 milhões de assinantes, 16,7% mais do que no mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre, a expansão acelerou-se - as vendas foram 26,2% maiores. A operadora chegou ao fim de setembro com um número de clientes muito próximo de 28 milhões.

O diretor financeiro da Claro, Eduardo Lubisco, atribuiu o desempenho à estratégia da empresa de consolidar sua marca, estimular a venda de celulares pré-pagos e manter sob controle os custos atrelados à conquista de novos clientes. "Foi a continuidade daquilo que já vínhamos fazendo", disse. Segundo a companhia, a base de assinantes de planos pós-pagos está crescendo em ritmo quase duas vezes maior que a de pré-pagos. Mesmo assim, a receita média mensal gerada por cliente caiu 1,2%, para R$ 27.

O ritmo de crescimento do mercado brasileiro nos últimos meses surpreendeu operadoras e fabricantes. Até setembro, havia 112,8 milhões de assinantes de celular no país, de acordo com números provisórios divulgados pela Anatel.

O aumento na base de clientes foi acompanhado de uma melhora no desempenho financeiro da Claro. O resultado antes de juros e impostos passou de R$ 125 milhões negativos no terceiro trimestre do ano passado para um pequeno ganho de R$ 4 milhões no mesmo período deste exercício fiscal. Se excluídas também depreciações e amortizações, o lucro cresceu 123,4% e ficou em R$ 635 milhões. A receita, de R$ 2,5 bilhões, foi quase 19% maior.

No entanto, o lucro antes de juros e impostos piorou em relação aos R$ 174 milhões verificados no segundo trimestre deste ano. Segundo Lubisco, a queda deveu-se ao fato de a empresa ter decidido acelerar a depreciação de sua rede no padrão TDMA, que está pouco a pouco sendo desativada. A operadora usa hoje a tecnologia GSM e está construindo redes de terceira geração (3G), inclusive no Brasil, onde o serviço ainda não foi lançado porque a Anatel não concedeu autorização à empresa.

"Fizemos uma adequação nas taxas de depreciação do TDMA. Há mais de dois anos não se vendem mais celulares nessa tecnologia", afirmou o diretor.

Os números da Claro constam das demonstrações financeiras da América Móvil. A empresa, que tem capital fechado no Brasil, não publica balanços trimestrais e não divulga seu resultado líquido.

O desempenho no país não evitou a queda do resultado líquido do grupo. A América Móvil lucrou 11,1 bilhões de pesos mexicanos (cerca de US$ 1 bilhão), 2% menos que no terceiro trimestre do ano passado. A piora surpreendeu analistas e foi atribuída pela empresa à aceleração na depreciação dos equipamentos TDMA. A receita da operadora controlada pelo bilionário Carlos Slim subiu 30% no terceiro trimestre e quase isso de janeiro a setembro, quando as vendas acumuladas foram de 222,9 bilhões de pesos.