Título: Exportações chinesas levam ao primeiro déficit na balança comercial desde 2002
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 22/10/2007, Empresas, p. B7

O rápido crescimento das importações levou os representantes da indústria de autopeças a alterar completamente as previsões da balança comercial do setor. Do cálculo inicial de superávit de US$ 1,8 bilhão no início do ano, o setor já se conforma agora em aceitar o déficit de US$ 100 milhões. Será o primeiro o resultado negativo da balança do setor desde 2002.

A revisão das previsões foi feita há poucos dias pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças). Os técnicos da entidade atribuíram a mudança ao aumento das importações, mas não apontaram país algum especificamente.

Se os técnicos se debruçarem nos números acumulados no ano perceberão que o déficit na balança comercial de autopeças entre Brasil e China já é do tamanho do déficit previsto para todo o setor o ano inteiro. De janeiro a agosto a diferença entre exportações e importações de componentes brasileiros para a China deu um resultado negativo de US$ 106,2 milhões.

Segundo conselheiro do Sindipeças, George Rugitsky, a razão do déficit previsto para o ano é o aumento das importações, que devem passar de US$ 6,779 bilhões em 2006 para US$ 9 bilhões, uma alta de 32,8%. Já as exportações devem avançar apenas 1,6%, para US$ 8,9 bilhões.

De janeiro a setembro, o déficit já é de US$ 23 milhões. As exportações somaram US$ 6,626 bilhões e as importações, US$ 6,649 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a consolidação é do Sindipeças.

Conforme Rugitsky, o movimento é fruto do câmbio e pressiona para baixo os preços no mercado interno, ao mesmo tempo em que o real valorizado compromete a rentabilidade das exportações. As próprias fábricas de autopeças importam componentes para a produção de peças e sistemas depois vendidos para as montadoras e, para o mercado de reposição, as compras no exterior são de peças completas. Mesmo assim, ele diz que o índice de nacionalização dos automóveis brasileiros ainda está na faixa de 95% a 98%.

O levantamento do Sindipeças mostra que o superávit da balança do setor cresceu de US$ 461 milhões em 2004 para US$ 832 milhões em 2005 e US$ 1,985 bilhão em 2006. Nesses anos, as importações avançaram de US$ 5,596 bilhões (2004) para US$ 6,654 bilhões (2005) e para US$ 6,779 bilhões (2006).