Título: Estratégia do grupo inclui elevar produção de minério
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Fonte: Valor Econômico, 30/11/2007, Empresas, p. B6

O movimento de concentração da indústria de mineração de ferro, que ganhou mais um capítulo com a oferta de aquisição da Rio Tinto pela BHP Billiton, está estimulando siderúrgicas a investir na produção própria de minério de ferro, carvão e outros insumos, como manganês e molibdênio. Essa tem sido uma estratégia contínua da ArcelorMittal, disse Lakshmi Mittal, principal executivo do grupo.

Até 2012, a companhia estima alcançar uma produção anual de 120 milhões de toneladas de minério de ferro, quase o dobro das 65 milhões produzidas atualmente em várias minas no mundo. Esse volume deverá dar conta de 75% do consumo das usinas do grupo. Hoje, a fatia da produção própria chega a 45%.

Sem revelar se está adquirindo minas no Brasil, o executivo informou que está analisando aquisições desse tipo de ativo em vários lugares do mundo. Isso inclui operações de carvão, produto indispensável para o negócio. "Precisamos de muito carvão e vamos continuar procurando oportunidades". Ele disse que há estudos de expansão na mina do Andrade, arrendada para a Vale, em Minas.

A empresa acaba de fazer uma joint venture na África do Sul que quando estiver concluída vai propiciar até 50% do suprimento de manganês, insumo para fazer aço, consumido pelo grupo.

Para Mittal, a nova consolidação da mineração de ferro, com a provável fusão de Rio Tinto e BHP Billiton, significa "um novo desafio para para a indústria do aço". "No futuro serão duas gigantes, que concentrarão 75% a 85% da oferta mundial transportada por mar", disse. Se o negócio se concretizar, a brasileira Vale sobrará nas mesas de negociação como a segunda maior fornecedora do mundo.

Em função disso, o empresário pressupõe maior monopólio nas negociações de preços da matéria-prima, cujas projeções de reajuste para 2008 vão de 30% a 50%. "Como siderúrgica, minha opinião é que deveria ser elevado o mínimo possível. Não quero fazer estimativas, pois é a China, como maior produtor mundial de aço, que vai ter peso na decisão do reajuste", afirmou.

Nas operações globais, o executivo afirma que os planos da ArcelorMittal é elevar em 20% as vendas totais de aço, para 130 milhões de toneladas por ano em 2012. Para o mercado como um todo, a previsão é de crescimento anual de 4% a 5% nos próximos 5 anos. Ele ressaltou que a crise nos EUA está focada no mercado imobiliário e na queda das ações das empresas, mas acredita que deve haver uma reversão até a primeira metade de 2008. (IR e Bianca Ribeiro, do Valor Online)