Título: Presidente faz apelo aos senadores por contribuição
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2007, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem mais um apelo pela aprovação da prorrogação da CPMF, referindo-se ao fato de grande parte dos senadores serem líderes regionais e poderem ser politicamente afetados caso as finanças estaduais minguem se a contribuição desaparecer.

"Eu não vou fazer guerra. Não tem guerra, tem uma disputa política. Acredito no bom senso e na sensatez dos senadores, dos quais muitos foram governadores até ontem. E sabem que Estados e municípios não podem prescindir do CPMF. Portanto se alguém quiser agir com irresponsabilidade e votar contra, vai ter que explicar para a sociedade porque fez isso. Na hora que eles votarem contra, qual será o efeito nas crianças que precisam de saúde? é isso que deve nortear a cabeça dos senadores", afirmou Lula em entrevista à TV Bandeirantes.

Durante a entrevista de dez minutos, Lula afirmou também que deixará um plano para a ampliar a geração de energia elétrica em 32 milhões de megawatts. "De vez em quando aparece alguem fazendo terrorismo, dizendo que vai faltar energia", disse, afirmando que a recente falta de gás para automóveis foi provocada por desentendimentos entre a Petrobras e empresas distribuidoras.

O presidente também concedeu ontem entrevista à TV Record. Lula voltou a tentar conter a discussão sobre a sucessão presidencial. " Só posso começar a pensar na minha sucessão a partir de 2009. Na minha cabeça, quero construir uma candidatura única. Eu não tenho candidato", afirmou, ao ser indagado se apoiava a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O presidente Lula demonstrou na entrevista irritação ao comentar a nova greve de forme do bispo dom Luiz Cappio, de Barra (BA), contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Em 2005, dom Cappio fez uma longa greve contra o projeto que desgastou o governo.

"Eu lamento. Ele esteve comigo há dois anos, reivindicava a revitalização do rio São Francisco. Nunca houve uma quantidade de investimento como a que o governo federal está fazendo hoje para recuperar o rio. O bispo me coloca em uma situação complicada. Tenho que escolher entre ele e doze milhões de nordestinos que precisam da água para sobreviver. Tem muito bispo que é favorável à reposição", afirmou o presidente.