Título: Rússia, Europa Central, Argentina e Venezuela têm alta maior no spread
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2007, Finanças, p. C2

David Lym Dourado / Valor John Welch, da Lehman Brothers: "Emergentes resistiram bem à crise" Entre os emergentes, países da Europa Central, Balcãs, Rússia, Argentina e Venezuela estão entre os que mais foram impactados pelo estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Na Rússia, o Banco Central teve de fazer empréstimos de emergência aos bancos de cerca de US$ 2,5 bilhões por dia para evitar uma quebradeira no sistema bancário, que depende fortemente de captações externas. No dia 11 de outubro último, a autoridade monetária russa reduziu os depósitos compulsórios e passou a aceitar pela primeira vez como garantia nos seus empréstimos de um dia aos bancos o próprio crédito bancário e não mais apenas títulos públicos.

Segundo relatório do BNP Paribas publicado no dia 15 de outubro, ainda há sinais de estresse no sistema bancário da Rússia e do Cazaquistão. Nos países bálticos -Lituânia, Estônia e Letônia-, na Bulgária e na Romênia, a situação não retomou à normalidade, segundo relatório do BNP Paribas divulgado ontem.

Não é à toa que o prêmio de risco de crédito medido pelo CDS da Rússia de vencimento em cinco anos, país que é grau de investimento, estava a 64 pontos ontem, acima dos 61,4 pontos básicos que o prêmio de risco-Brasil do CDS de cinco anos chegou em seu nível mínimo. O risco de crédito da Rússia está 68,42% acima do mínimo, de 38 pontos, na comparação com a alta de 35% no prêmio de risco-Brasil pelo mesmo critério.

A Argentina e a Venezuela foram os países que mais tiveram aumento nos seus prêmios de risco de crédito na América Latina com relação à mínima. No caso da Argentina, o prêmio do CDS subiu 92%, de 186 pontos para 357 pontos básicos. "Há fatores específicos para um estresse maior nesses dois países latinos", diz Ricardo Amorim, estrategista-chefe para América Latina do WestLB. Mas, segundo ele, em situações de forte aversão ao risco, é "normal" que os ativos considerados mais arriscados passem por um ajuste mais forte.

"De uma forma geral, os países emergentes resistiram bem à crise por causa dos fundamentos favoráveis e da baixa alavancagem", diz o estrategista da Lehman Brothers, John Welch. "O Brasil se saiu melhor ainda, pois caminha para o grau de investimento", diz Glenn Peebles, do Dresdner. "Mas, a liquidez está menor no mercado", diz.

A aversão ao risco voltou a crescer ontem. A busca pela segurança fez com que os títulos do Tesouro americano, considerados os papéis de menor risco do mundo, passassem por forte rally, com quatro dias consecutivos de alta nos preços e queda de taxas. Os rendimentos dos papéis de dez anos caíram abaixo de 4,5% ao ano ontem, para exatos 4,491% ao ano. Estavam a 4,954% no início de junho. Antes do Fed, banco central americano, baixar os juros básicos americanos, em 18 de setembro, chegaram a 4,37% no dia 11 de setembro.