Título: Lula defende a decisão do BC de frear corte de juros
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2007, Finanças, p. C3

AP Photo / Thierry Charlier O presidente Lula: decisão do Copom de frear cortes "não muda nada" O presidente Luiz Inácio da Silva, deu em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros, ontem à tarde em Luanda, capital de Angola, uma forte demonstração de apoio à condução da política monetária do país posta em prática pelo Banco Central (BC), sob comando de Henrique Meirelles.

Ao comentar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve estacionada a taxa básica de juro (Selic), em 11,25%, ele destacou a independência do BC e disse que a trava não atrapalha em nada a meta de fazer o país a 5% ao ano. "Cinco por cento é o minimo minimorum".

"No meu governo, o Banco Central vem trabalhando com autonomia", disse, acrescentando que "as coisas vêem dando certo até agora". Para Lula, cabe à Meirelles explicar as razões para a manutenção da Selic, dentro desta política de autonomia do BC. Mas, o presidente entende que o fato de não ter havido corte dos juros "não muda em nada a política nacional".

"Se você não corta em um mês, corta no outro mês. Se fica dois períodos sem cortar, você pode cortar no outro mês...", afirmou, acrescentando: "O que não iremos abdicar em nenhum momento é de uma política séria de combate à inflação. Eu sei que quando a inflação volta, quem começa a pagar o pato é a parte mais pobre da sociedade, que vive de salário".

Ao ser informado que parte dos analistas prevê que só será possível retomar a trajetória descendente dos juros em meados do próximo ano, Lula disse que nem sempre quem fala acerta na previsão.

"O dado concreto é que o Brasil está em um momento virtuoso da sua política econômica. O país está crescendo, está gerando empregos, as empresas estão investindo, está aumentando o crédito barbaramente...", disse Lula em uma longa enumeração de fatos positivos da economia brasileira. Ele voltou a desdenhar das previsões, dizendo que várias vezes na trajetória de valorização do real, os analistas disseram que o país ia quebrar.

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, também justificou a decisão do Copom dizendo que ela "talvez" esteja baseada nos riscos ainda decorrentes da crise imobiliária americana e também nos riscos inflacionários trazidos pelo forte aumento da demanda interna. Embora admita que o setor produtivo não gostou da medida, ele deu apoio à decisão do BC.