Título: Comanche investe em etanol e biodiesel
Autor: Scaramuzzo , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2007, Agronegócios, p. B14

A Comanche Clean Energy , empresa controlada por investidores americanos com sede em Nova York, planeja investir US$ 300 milhões na construção de uma usina de etanol e uma planta de biodiesel no Maranhão. Os aportes deverão ser realizados na região de Balsas, tradicional área produtora de grãos do Estado.

A companhia chegou ao Brasil no fim de 2006. Os primeiros investimentos, no total de US$ 150 milhões, foram realizados no início deste ano, na aquisição de duas usinas pequenas de álcool em São Paulo e uma planta de biodiesel na Bahia, que já está em operação, afirmou Delmo Vilhena, conselheiro do grupo. A companhia é presidida pelo executivo Thomas Cauchois, que esteve à frente do FondElec, empresa americana de investimentos e consultoria em projetos de energia e telecomunicações no mercado internacional.

A escolha do grupo pelo Maranhão reflete as vantagens logísticas do Estado, por conta do porto de Itaqui, e os baixos custos de produção comparados ao centro-sul do país. "O Maranhão é um Estado de oportunidades", disse Vilhena. A expectativa é de que as duas plantas do grupo no Estado entrem em operação a partir da temporada 2010/11.

A Comanche construirá uma usina com capacidade de produção de aproximadamente 4 milhões de toneladas de cana por safra, com produção de 300 milhões de litros por safra em sua etapa final. A planta de biodiesel foi projetada para cerca de 100 milhões de litros por ano.

As usinas de álcool da Comanche instaladas em São Paulo também receberão aportes. A unidade Comanche Santa Anita, em Tatuí, deverá processar cerca de 700 mil toneladas em 2008/09, mas está recebendo aportes para dobrar a produção em 2009/10. A unidade Comanche Canipar, na região de Ourinhos, atualmente processa 300 mil toneladas, mas também deverá moer 1,5 mil hão de toneladas nos próximos anos, segundo Vilhena.

Segundo Weber Amaral, diretor-superintendente do Pólo Nacional de Biocombustíveis, com sede em Piracicaba (SP), o Estado do Maranhão tem forte aptidão para a cultura canavieira. "O Estado tem condições de ter uma área de 1,5 milhão de hectares para cana, com potencial para ocupar de 4 milhões a 5 milhões de hectares no longo prazo".

Amaral também observou que os índices de produtividade de algumas regiões, que inclui Balsas, também são parecidos com a região centro-sul do país. "Os custos de produção são compatíveis com o centro-sul, uma vez que as terras e a mão-de-obra são mais baratas", disse. O porto de Itaqui tem tradição no escoamento de grãos. "Para o álcool, seria preciso investimentos em infra-estrutura de tancagem e também num berço para líquidos", afirmou o executivo.