Título: Unipar busca acordos com Ultra e Unigel na PQU após formar a CPS
Autor: Capela, Mauricio ; Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 03/12/2007, Empresas, p. B6

Sílvia Costanti/Valor Para Roberto Dias Garcia, presidente da Unipar, que deverá assumir cargo no conselho da CPS, foi dado um passo gigantesco na reorganização do setor A sexta-feira, último dia de novembro, foi um dia de consolidação do setor petroquímico nacional. A Petrobras concluiu a aquisição da Suzano Petroquímica, constituiu uma nova companhia com a Unipar, unidos os ativos de ambas no Sudeste, e integrou suas participações no Sul à Braskem, do grupo Odebrecht. "Demos um passo gigantesco para a reorganização do setor", disse o presidente da Unipar, Roberto Garcia. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, comemorou o que considera um momento importante para o Brasil, com a participação da estatal nos três pólos petroquímicos do país: Nordeste, Sudeste e Sul.

No primeiro trimestre de 2008, a Petrobras começa a discutir a composição acionária de outro gigante, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), onde a Companhia Petroquímica do Sudeste (CPS), nome provisório da empresa que nasceu na sexta-feira da União com Unipar, "é candidata natural a sócio", de acordo com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A licitação para as obras de terraplanagem do Comperj será lançada em dezembro.

A nova petroquímica que nasce no Sudeste reúne ativos da Suzano (Petrobras), da Riopol, da Petroquímica União (PQU) e Unipar Divisão Química (UDQ). Considerando-se os resultados consolidados destas empresas, a receita líquida da CPS, de janeiro a setembro, alcança R$ 5,6 bilhões e o lucro líquido atinge R$ 485 milhões.

Os próximos passos, que deverão envolver muitas operações financeiras e de incorporação de ativos, incluem uma estratégica negociação da Unipar com dois sócios do bloco de controle da PQU, dentro do processo de integração da central petroquímica do ABC paulista na CPS. O Ultra, com 2,7% do capital total e 2,85% do votante, e Unigel (2,4% e 3,2%, respectivamente), fazem parte do bloco de controle da empresa e seu principal interesse em estar presente na PQU é a garantia de fornecimento de matérias-primas para suas empresas da área química.

Segundo apurou o Valor, será proposto aos dois grupos um acordo de fornecimento de matéria-prima de longo prazo, dentro das bases de mercado. Em troca, venderão suas ações. O capital da PQU será fechado, com uma oferta pública de ações aos minoritários, que somam 17,8%. Entre eles está o banco Santander, com 5% do total.

Segundo Gabrielli, a consolidação dará musculatura ao setor no Brasil, onde havia desintegração entre a petroquímica e o refino. Essa situação era resultante da estratégia adotada no passado com inúmeras empresas e "prejudicou" a estrutura societária do setor, disse. "Para corrigir isso, era preciso ampliar nossa presença, junto com os sócios", afirmou Gabrielli.

Os movimentos que permitiram essa consolidação começaram com a aquisição dos ativos da Suzano por quase R$ 2,7 bilhões (inclui o preço de controle e oferta a minoritários) em agosto. Paralelamente, a estatal e a Unipar acertaram a formação da CPS. Segundo Gabrielli, ao final a Petrobras terá um saldo a receber de cerca de R$ 700 milhões, incluindo os R$ 380 milhões que serão desembolsados pela Unipar para ter 60% da nova empresa e parte de R$ 495 milhões que virão de um excedente de caixa da Suzano, a ser resgatada pela estatal.

A Unipar negocia com um pool de bancos, liderados pelo Banco do Brasil, esse montante a ser pago - parte referente as ações que a Petroquisa tinha na Riopol e outra parcela por metade das ações da Suzano na mesma empresa.

A participação do BNDES na CPS será em torno de 6%, reduzindo Unipar e Petrobras no capital total. O tamanho dessa fatia vai depender da decisão do banco de exercer ou não seu direito de preferência na compra das ações da Suzano na Riopol. Se sim, o BNDES aumenta sua fatia de 16,5% para 25%, ficando com 6%, na CPS. Caso contrário, ficará com cerca de 4%.

Costa, da Petrobras, disse que a entrada do BNDES não vai alterar o controle da nova empresa, que permanecerá com a Unipar, com 60%. "A companhia não vai ter controle estatal, ao contrário do que vinham dizendo", disse.

Depois da união de ativos, que incluiu a não prevista divisão química da Unipar, a companhia controlada pela família Geyer ainda fica com cinco empresas fora da CPS: Carbocloro (50%), União Terminais, Petroflex (20%), Unipar Comercial e Polibutenos. "A inclusão desse ativo na CPS faz muito sentido, pois seus produtos estão integrados na cadeia de produtos da PQU", afirmou uma fonte.