Título: Lula diz que prorrogação será aprovada
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2007, Politica, p. A10

A decisão da Executiva do PTB pela liberação dos senadores para votar como quiserem a CPMF e o apoio do PDT depois da retirada das verbas da educação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) devolveu ao governo o otimismo na aprovação do imposto do cheque. Depois de almoço no Itamaraty em homenagem ao grão-duque Henri de Luxemburgo, o presidente Lula afirmou que "a CPMF será aprovada". E pediu aos jornalistas presentes que torcessem para o Corinthians escapar do rebaixamento.

Ao ser questionado que o salvamento do Corinthians não resolvia o problema da CPMF, Lula acrescentou: "Só senador alegre", dando a senha do que pode atrair votos para aprovação do imposto.

No Planalto, os ministros envolvidos diretamente com a CPMF - Articulação Política, Fazenda, Planejamento e Saúde - mantiveram a rotina diária de reuniões que vão se estender até que a emenda constitucional seja aprovada em segundo turno.

O ministro José Múcio Monteiro (PTB-PE) liga para senadores e governadores desde sexta-feira. Na noite de terça-feira, ligou para José Serra (SP). Assegura que não pediu nada diretamente, por considerar que isso seria deselegante. Mas elogiou a declaração do tucano, dada na semana passada, de que "a CPMF, dentre todos os impostos, não era o pior, por ser o mais justo".

O diálogo com os governadores não é tão fácil como acredita o Planalto. Intimamente ligado ao governador de Minas, Aécio Neves, o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) afirmou ao Valor que o administrador tucano retraiu-se do trabalho de convencimento de votos porque a disputa se transformou em uma batalha de governo e oposição. "O governo perdeu o timing de debater as questões federativas. Com a discussão partindo para a disputa política, os governadores não podem se expor", justificou Nárcio.

Múcio minimiza o problema, afirmando que a relação governador-bancada é muito menos intensa no Senado do que na Câmara. Mas reconhece que, por serem representantes da Federação, o equilíbrio das contas estaduais pesa no diálogo com os senadores. "Quando você vê a situação do Rio Grande do Sul, por exemplo, fica difícil para os senadores gaúchos votarem contra a prorrogação da CPMF", alegou um assessor governista.

Antes de pedir votos, Múcio sempre afirma a seu interlocutor: "Não antecipe posições, me permita conversar com você no campo que você escolher". Por isso, decisões partidárias contrárias a fechamento de questão são vislumbradas no Planalto como possibilidades para conversa. No caso do PTB, dois votos ainda não foram revertidos. Um deles não será: Mozarildo Cavalcanti (RR) votará contra por ser adversário político do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR).

No caso de Romeu Tuma, que era Democratas e migrou para a base, mas continua refratário a aprovar a CPMF, Múcio ainda acha possível uma reversão. "Não aprovar a CPMF pode representar um ganho político de algumas horas ou semanas. Mas as conseqüências negativas dessa decisão vão se estender até o mais ínfimo rincão desse país", defendeu o coordenador político.