Título: Presidente aposta no apoio de presidenciáveis tucanos
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2007, Politica, p. A10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que acredita que o PSDB irá votar a favor da prorrogação da CPMF no Senado por interesse de seus presidenciáveis, o governador de São Paulo, José Serra, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

"O PSDB governa Estados importantes no país. Eles tem interesse na CPMF porque é dinheiro que vai para a área social. O PSDB tem perspectiva de poder, é o que mais tem candidatos a presidente da República. O PSDB e os outros partidos da base certamente vão votar favoravelmente", disse o presidente em entrevista à "Rede TV". Lula afirmou que apenas o DEM, partido ao qual chamou de PFL, antigo nome da sigla, deverá permanecer contra.

"O PFL, que conta com apenas um governador, o de Brasília. Não tem perspectiva de poder. Do PFL não espero nada, porque é um partido sem perspectiva. Aí a irresponsabilidade aumenta", disse.

Na segunda entrevista presidencial veiculada ontem, pelo SBT, Lula voltou à carga, demonstrando auto-confiança. "Não existe a hipótese de o Senado não aprovar a CPMF. Os empresários sérios e os pagadores sabem que o dinheiro da CPMF é bem empregado. O governo terá maioria no momento em que ela for votada, seja hoje, seja segunda-feira", disse.

O presidente demonstrou irritação ao ser perguntado se o governo estava fazendo liberações orçamentárias para garantir a aprovação da prorrogação do tributo. "Os dados da liberação das emendas em 2007 mostram que ela está menor do que em 2006 e 2005. Você tem um período para liberar emenda. O que acertamos é que a cada três meses se libera um conjunto de emendas para o Congresso para que se cumpra o Orçamento que o Congresso tenha aprovado", disse.

Lula procurou demonstrar tranqüilidade ao comentar o fortalecimento bélico da Venezuela, mas afirmou que o reamarmento promovido pelo presidente Hugo Chávez deve incentivar o país a procurar aumentar seus gastos militares. "Nós devemos respeitar a soberania de cada país. A Venezuela tem sido uma grande parceira nossa. O problema não é a Venezuela estar se armando, o problema é o Brasil ter permitido que o seu sistema de defesa se deteriorasse. Estamos agora tentando recuperar", afirmou.

Nas duas entrevistas, Lula mais uma vez negou a intenção de concorrer a um terceiro mandato e enfatizou a necessidade de sua base de apoio apresentar um único candidato à sua sucessão em 2010, mesmo que este nome não seja petista.

Na entrevista para o SBT, procurou auto-definir-se ideologicamente. O presidente foi questionado pelo fato, de, em 1982, ter respondido em um debate ser um torneiro-mecânico, ao ser perguntado se era comunista ou socialista. " Hoje já faz mais de 25 anos que eu não trabalho. Política não é profissão. Me considero um homem com aptidões socialistas muito fortes. Mas não é possível fazer socialismo por decreto", afirmou.