Título: ONS revê nível de reservatórios para manter preços
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 04/12/2007, Brasil, p. A2

Ao reduzir a proposta de armazenamento mínimo dos reservatório da região Sudeste e Centro-Oeste de 61% para 36% em dezembro, o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) pretende evitar uma elevação "desnecessária" no preço da energia em dezembro no momento que se acionasse térmicas a gás, que são mais caras. A explicação foi dada ontem pelo presidente do ONS, Hermes Chipp. Segundo ele, os números da proposta anterior - apresentados pelo próprio operador - eram "excessivamente conservadores".

O efeito mais imediato da medida - que ainda está em fase de análise na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - é que ela reduz a necessidade de acionar térmicas a gás no Rio de Janeiro em dezembro. Com isso se evita, ou se adia, a repetição do que ocorreu no fim de outubro, quando as térmicas da Petrobras foram acionadas, o que levou a estatal a reduzir a oferta de gás para a CEG e CEG Rio. As duas distribuidoras desviaram gás da indústria, cortando também o suprimento de GNV para alguns postos de combustíveis, afetando principalmente taxistas.

Ainda segundo Chipp, é provável que, em seguida à ordem de gerar térmicas, fosse necessário verter água nos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste, o que implicaria aumento do custo da energia. Foi o que aconteceu em dezembro de 2004 no Nordeste, disse Chipp, quando o ONS determinou a geração de energia térmica e em seguida choveu tanto que foi necessário abrir as comportas do reservatório de Sobradinho.

A previsão de armazenamento faz parte das projeções do ONS para elaboração da Curva de Aversão ao Risco (CAR) para o biênio 2008/2009. As projeções para o futuro são feitas com base na hidrologia passada e dependendo da quantidade de chuvas esperadas, o ONS precisa ordenar a geração de mais ou menos energia térmica.

A revisão do número foi decidida pelo ONS depois de uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Na proposta ainda em análise, o armazenamento mínimo para janeiro também caiu de 65% para 53%. A partir daí os valores são parecidos com os anteriores, com armazenamento mínimo de 63% em fevereiro, 67% em março e 68% em abril.

Ontem o juiz em exercício na 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, Wagner Cinelli, indeferiu pedido da Petrobras de suspensão da liminar obtida pela CEG e CEG Rio. A liminar obriga a estatal a manter os 7,2 milhões de metros cúbicos de gás entregues às duas distribuidoras antes do corte. A decisão não é definitiva.