Título: Mercado chinês precisa ser melhor explorado, diz Amorim
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Fonte: Valor Econômico, 05/12/2007, Brasil, p. A5

As relações econômicas entre Brasil e China sofreram um "arrefecimento" e governo e empresários têm de explorar com mais empenho as oportunidades criadas pela expansão da China, defendeu o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, ao abrir ontem, no Itamaraty, um seminário para integrantes do governo sobre perspectivas das relações econômico-comerciais entre os dois países.

Amorim lembrou que, ao negociar com a China o reconhecimento do país como economia de mercado, o Brasil negociou a abertura do mercado chinês aos aviões da Embraer, que vendeu cem aeronaves aos chineses. O comércio entre os dois países, que estava em torno de US$ 1 bilhão anuais na década passada, hoje alcança cerca de US$ 22 bilhões. O país precisa explorar novas áreas, como a exportação de serviços, disse o ministro.

Como exemplo involuntário da redução de interesse nas relações entre Brasil e China, ao sair do seminário Amorim só ouviu perguntas dos jornalistas a respeito dos problemas no continente sul-americano. Ele informou que deveria, ainda ontem, telefonar ao ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro, com quem pretendia conversar sobre os resultados do referendo que derrotou a proposta de reforma constitucional aprovada no Congresso do país pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. Outro tema da conversa entre os ministros serão os atritos entre o governo da Venezuela e o da Colômbia, devido à mediação frustrada com os guerrilheiros das Farc para liberação de reféns mantidos na selva pelos rebeldes.

Para Amorim, a aceitação, por Chávez, do resultado da consulta popular que o desfavoreceu mostra que as instituições funcionam na Venezuela, de forma democrática. "O resultado foi apertado e quem deu a resposta foi o Conselho Eleitoral Venezuelano. Isso depõe a favor das instituições."

Ele insistiu que não houve pedido colombiano para mediação brasileira entre Chávez e o presidente colombiano, Álvaro Uribe, com quem o venezuelano rompeu depois que foi destituído da função de mediador com as Farc. Uribe destituiu Chávez em reação a contatos diretos do venezuelano com um general colombiano. O governo brasileiro não pode ser mediador se não foi convidado, mas "conversar" é algo possível, comentou o ministro. Os diplomatas brasileiros acreditam que há interesse no governo da Colômbia em que o Brasil tome informalmente iniciativas de reaproximação entre colombianos e venezuelanos. (SL)