Título: Distribuidoras temem que energia fique mais cara a partir de 2008
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2007, Brasil, p. A6

As distribuidoras de energia elétrica se preparam para pagar mais caro pelo insumo no próximo ano e em 2009. Isso porque, apesar de o modelo elétrico exigir que o mercado seja atendido totalmente por contratos de longo prazo, o suprimento não está garantido para toda a demanda.

Pelos cálculos de Fernando Maia, diretor técnico regulatório da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), faltam cerca de 300 megawatts/médios para suprir toda a demanda das distribuidoras em 2008 e cerca de 800 megawatts/médios para 2009.

Como existem geradores com energia descontratada, a preocupação da entidade não é com a possibilidade de falta de fornecimento, mas com o preço mais alto da energia no mercado livre. O problema afeta algumas distribuidoras mais do que outras, porque algumas tiveram reduzida a cota de energia comprada compulsoriamente da Itaipu Binacional, como Light, Bandeirante e Cemig.

Os leilões de energia nova foram realizados em 2005 e 2006, para entrega em 2008, 2009 e 2010. Além da oferta menor que a demanda, duas usinas que venderam energia no leilão, entre elas a térmica Jacuí , no Sul, não vão ficar prontas no prazo. Também ficou abaixo do esperado a oferta de energia renovável do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa)

Pelo modelo do setor elétrico brasileiro, as distribuidoras são obrigadas a comprar energia através de um sistema de pool e o "buraco" ocorreu no leilão de energia nova realizado em dezembro 2005 para entrega em 2008, 2009 e 2010.

O problema mostrado pela Abradee se deve a peculiaridades do modelo elétrico brasileiro, que obriga as distribuidoras de energia a declararem sua necessidade de compra para o Ministério de Minas e Energia, que determina à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que realize os leilões. No caso das hidrelétricas, a energia é comprada através de contratos com validade de 30 anos, prazo que cai para 15 anos no caso das termelétricas. O prazo para entrega da energia (e construção) é de cinco anos após o contrato.