Título: Após filial nos EUA, Petroflex busca sócio na Europa
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2005, Empresas &, p. B1

A Petroflex, maior produtora de borracha sintética da América Latina, com valor de mercado de US$ 220 milhões e faturamento de US$ 500 milhões até setembro, acaba de abrir escritório nos Estados Unidos, em Wilmington, no Estado de Delaware, próximo a Nova York. Roberto Bieler vai dirigir a nova unidade, assumindo o cargo de gerente regional da América do Norte. Com este novo investimento, a empresa soma três representações no exterior (as outras duas são em Roterdã, na Europa e em Hong Kong, Ásia) encerrando assim a primeira etapa da meta fixada no seu plano estratégico, de transformá-la numa operadora mundial até 2007. Com essa base estratégica montada, a Petroflex pretende ter retornos crescentes por cada dólar investido nos escritórios, que vão de US$ 1,13 por dólar aplicado em 2004 a US$ 8,00, em 2007. Wanderlei Passarella, diretor comercial da empresa, com sede em Duque de Caxias, disse que pretende dar partida este ano à segunda etapa do plano estratégico, que prevê a instalação de uma planta de elastômero no Leste Europeu, com sócios locais. "Até o fim do ano a idéia é ter uma subsidiária num dos países da região, porta de entrada para a Europa e a Ásia". Já foram feitas prospecções para o negócio na Polônia, República Tcheca e Eslovênia. Marcio Canosa, gerente internacional e de qualidade de produção da empresa, adiantou que um terceiro movimento de busca de parceiros estrangeiros para o desenvolvimento de novos produtos está em curso. Isto pressupõe joint-ventures para desenvolver instalações de pesquisa ou apenas usar as instalações já existentes na Europa ou nos Estados Unidos. "A Embrapa usa este modelo", contou Canosa. Hoje a Petroflex está empenhada em aumentar sua fabricação de produtos de maior valor agregado, que denomina de produtos de performance e produto especial. Canosa adiantou que nos próximos dois anos a Petroflex pretende atingir um índice de 46% do seu lucro na venda desses produtos mais elaborados. Para selar estas novas parcerias na área de pesquisa e tecnologia, buscando atender inclusive a pedidos específicos de clientes, a Petroflex está ampliando seu orçamento para pesquisa e desenvolvimento (P&D), de 1% do seu faturamento para 1,5%. A empresa, que produz 340 mil toneladas de borracha sintética/ano, detém patentes de elastômeros específicos registradas no Brasil e no exterior. Além da borracha sintética básica para pneus e bandas de recauchutagem, já fabrica elastômeros de performance para indústria de alimentos (chicletes), de calçados, correias transportadoras, e para construção civil, como adesivos e selantes, mais autopeças e poliestireno de auto impacto. Seu produto mais sofisticado é o elastômero líquido especial, do qual extrai além dos selantes, um componente sólido para propelente de foguete. Só existem três fabricantes no mundo desse tipo de produto. Cerca de 99% desse propelente é comprado pela Europa e Israel. Apenas 1% é vendido ao mercado doméstico. A política de investir na exportação de produtos com maior valor agregado - a borracha básica é cotada a US$ 1.200 a tonelada/Fob ante US$ 14 mil a tonelada do propelente para foguetes - tem permitido a Petroflex receitas crescentes com suas exportações, que somaram em 2004 cerca de US$ 150 milhões. Segundo Passarela, a estratégia permite ainda contornar os problemas decorrentes do real apreciado e evitar queda na lucratividade da empresa. O balanço da Petroflex será divulgado dia 31.