Título: Itália quer aumentar a importação de bovinos vivos de Santa Catarina
Autor: Cruz , Patrick
Fonte: Valor Econômico, 04/12/2007, Agronegónios, p. B15

"Temos interesse em tudo, gado vivo ou carne processada, além de outros produtos. Existe potencial para que a Itália compre de 150 mil a 200 mil cabeças de gado brasileiro", diz o ministro da Agricultura da Itália, Paolo De Castro. "Com negociação e ajustes na logística, é possível aproveitar essa oportunidade".

O maior empecilho para o aumento das vendas de carne brasileira para o mercado italiano caiu em maio passado, quando Santa Catarina foi declarada pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) zona livre de febre aftosa sem vacinação - a União Européia só autoriza a compra de animais vivos de áreas que têm o certificado. Agora, os governos devem trabalhar para reduzir barreiras tarifárias.

As tratativas têm que ocorrer no âmbito da Comissão Européia, o braço executivo da União Européia, mas é possível criar uma alternativa que reduziria a até 0% a taxa de importação para os animais vivos que embarcarem para a Itália, conforme Giorgio Starace, conselheiro do Ministério da Agricultura italiano. "Não poderia valer para toda a importação italiana, mas existe a possibilidade de isso ser feito para uma parte dela", afirma.

Alemanha, França e Polônia estão entre os principais fornecedores de animais vivos à Itália. De acordo com Starace, o país tem interesse de reduzir a dependência de gado de outros países da Europa em virtude do aumento dos custos de criação no continente. A redução dos subsídios à agricultura tem diminuído a produção pecuária no bloco.

Hoje, durante a visita da comitiva da Itália a Lages, principal pólo da pecuária em Santa Catarina, o governo do Estado lançará o programa de rastreabilidade de bovinos e bubalinos. Até junho do próximo ano, todo o rebanho do Estado, de aproximadamente 3,5 milhões de cabeças, deverá receber brincos de identificação. No Brasil, já são mais de 200 milhões de cabeças de gado.

A passagem da comitiva italiana pelo Brasil não se limitará às negociações ligadas à pecuária. As taxas de importação de produtos alimentícios, como vinho e massas, que chegam a até 35%, inibem as exportações da Itália para o mercado brasileiro, afirma o ministro Paolo De Castro. "A Itália pode ser porta-voz do Brasil na Europa, mas é preciso que o Brasil mostre maior atenção com nossos problemas", disse ele. Vinhos e massas são os dois principais produtos alimentícios vendidos pelos italianos ao Brasil.

No setor de alimentos, a balança comercial entre ambos é altamente desfavorável à Itália. Em 2006, o Brasil importou US$ 69 milhões em produtos alimentícios italianos, volume 22% superior ao do ano anterior. A Itália, em contrapartida, importou US$ 3,6 bilhões de artigos alimentícios brasileiros, um crescimento de 37,1% em relação a 2005.