Título: Fabricantes prevêem crescer 11% em 2008
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2007, Empresas, p. B11

Leo Pinheiro Soares, do IBS e Usiminas: correções nos preços com alta do minério e fretes A siderurgia brasileira vai terminar o ano com recordes de produção, consumo e vendas no mercado interno. A produção de aço bruto deve somar 33,9 milhões de toneladas, com crescimento de 9,9% sobre 2006 e o consumo aparente (vendas domésticas mais importações) atingirá 22,1 milhões de toneladas, com alta de 19,7% na comparação com o ano passado. As vendas internas previstas alcançam 20,6 milhões de toneladas, volume 18% maior que em 2006.

"Este será um bom ano para a siderurgia", disse ontem Rinaldo Campos Soares, presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), entidade que reúne 25 usinas controladas por oito grupos que respondem por cerca de 95% da produção local. A perspectiva do IBS é que o setor tenha desempenho semelhante em 2008, embora com taxas de expansão menores, pois a siderurgia irá se expandir sobre base de comparação mais alta.

A previsão é produzir 37,6 milhões de toneladas de aço bruto em 2008, alta de 10,8% sobre este ano. As vendas internas devem somar 22,7 milhões de toneladas, 10% a mais do que neste ano. O consumo aparente baterá em 24,2 milhões de toneladas, 9,3% acima de 2007.

Soares também previu que devem ocorrer correções (aumentos) nos preços do aço por conta da tendência de alta nas matérias-primas, como o minério de ferro, e dos fretes. Sobre a oferta de compra feita pela BHP Billiton ao grupo Rio Tinto, ele disse que esse é um movimento que a siderurgia mundial não aprova. "A BHP terá (a confirmar-se a operação) um poder de fogo maior para diminuir o ciclo de volatilidade de preços", afirmou.

O IBS espera ainda uma recuperação das exportações, para 12,4 milhões de toneladas. esse volume é 18% acima das 10,5 milhões a serem exportadas em 2007. Neste ano, a queda prevista é de 15,6%.

"A queda na exportação (em 2007) é resultado do aumento da demanda interna", disse Soares. Para 2008, a oferta de aço para atender mercados interno e externo será maior. A capacidade instalada do setor, saltará de 37,1 milhões, em janeiro, para 41 milhões de toneladas no fim de dezembro. Contam neste aumento as expansões da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) e da Gerdau Açominas.

Ao projetar investimentos, o IBS considera que os projetos de expansão em andamento elevarão a capacidade para 52,2 milhões de toneladas até 2012. Isso considera investimentos de US$ 17,2 bilhões nos próximos cinco anos e não leva em conta novos entrantes no setor, como a ThyssenKrupp CSA, no Rio.

Soares disse que o crescimento das vendas internas no próximo ano será puxado por setores tradicionais como a indústria automobilística e de autopeças e construção civil. Mas também há maiores perspectivas de vendas para os segmentos da construção naval, petróleo e utilidades domésticos, incluindo a indústria de linha branca. "A indústria siderúrgica atendeu plenamente a demanda em 2007 e queremos tranqüilizar as empresas (consumidoras de aço) que estamos preparados para continuar a atender o mercado interno em 2008", disse Soares.

Em 2007, as vendas de laminados planos, que tem a indústria automotiva como um dos principais clientes, devem somar 12,1 milhões de toneladas, com alta de 17,8% sobre 2006. Os laminados longos, aplicados sobretudo à construção civil, totalizarão vendas internas de 7,7 milhões de toneladas, 18,5% acima do ano passado.

O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, rebateu as críticas da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, em relação ao preço do aço no mercado interno para a construção de navios. "No mundo inteiro o preço de exportação (do aço) é menor que os preços praticados no mercado interno. Querer igualar preços é um pleito descabido", afirmou Lopes. Ele disse que a Transpetro ainda não apresentou as especificações técnicas do aço a ser utilizado nos navios, o que impede as usinas de apresentarem as cotações.