Título: Itália confirma importação de gado de SC
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2007, Agronegócios, p. B15

Os italianos pretendem começar a importar terneros vivos - gado com idade entre 6 e 13 meses - de Santa Catarina a partir de março de 2008, quando estiver avançado o programa de rastreabilidade bovina, identificados por brincos.

Ontem, uma comitiva integrada por representantes de importadores e governo, com a presença do ministro da agricultura da Itália, Paolo Di Castro, esteve em Santa Catarina, para discutir com o governo do Estado como se daria essa aliança. Eles também visitaram propriedades potenciais na produção de terneros para a Itália na região serrana, em Lages. O governo aproveitou para lançar oficialmente o programa de colocação de brincos de identificação nos bovinos do Estado, condição prévia da Itália para iniciar a importação.

Castro pediu ao governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), formalização do interesse do Estado e do país em realizar esse comércio com a Itália, com descrição do comprometimento da quantidade de animais que enviaria anualmente.

De acordo com o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, o governo italiano quer ter certeza de que o Brasil quer vender esses animais à Itália, o que não está completamente claro hoje. A formalização seria uma espécie de segurança, garantia de venda do Brasil para os italianos. "Não queremos exclusividade, mas garantia de que ao abrirmos esse caminho, seremos atendidos", disse Renzo Fossato, representante da União de Importadores e Exportadores de Carne e Derivados (Uniceb), citando que após a abertura, ajudada pela Itália, uma vez que apóia o Estado, na área de defesa com o Instituto Caporalle -, a preocupação seria com outros países, que se aproveitariam da situação.

Na negociação para um acordo, algumas questões foram levantadas pelos italianos, que se colocaram como "grandes aliados do Brasil dentro do continente europeu". Citaram o fato de a última missão da União Européia no Brasil não ter dado bons resultados, uma vez que a UE pensou em restringir mais o comércio com o Brasil, segundo Romano Marabelli, secretário nacional de defesa agropecuária, e o fato de os italianos poderem intervir junto à União Européia, sobretudo, para alteração na alta tarifa de importação de gado vivo do Brasil.

A Itália tem interesse em importar entre 100 mil a 200 mil terneros por ano para engorda e processamento na própria Itália. A intenção é substituir, em parte, a compra que hoje realiza, sobretudo, da França, de quem atualmente a Itália reclama dos preços altos. "Queremos diversificar a importação. Está ficando caro importar da França", explicou o ministro ao governador. Além disso, a França tem vendido animais que já engordaram, tirando a possibilidade desse ganho pelo produtor italiano.

Atualmente, Santa Catarina tem condições para produzir 500 mil terneros por ano, das mais diversas raças, segundo informações do Sindicarnes-SC, e já identificou 450 propriedades em potencial para a produção específica dos italianos, que seria das raças limousin e charolês. O interesse da Itália pelo Estado surgiu após SC ter conseguido o status de área livre de febre aftosa sem vacinação pela OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) sobre a descoberta da doença.